Quem Creu?

25/6/2005

Quem creu em nossa mensagem?

E a quem foi revelado o braço do Senhor?

Isaías 53:1

Jedida e Ashira saíram da casa de Elizabete e se aproximaram do pátio da casa deles em silêncio. Jedida avistou seu irmão mais velho, Lemuel, sentado em um banco com as crianças ao redor dos seus pés. O coração dela começou a se aliviar. O seu irmão sempre tinha uma maneira de fazer com que os seus problemas parecessem menores e ela gostava de vê-lo. Ele sempre fora o impetuoso. Ao se aproximar, ela conseguia vê-lo gesticulando intensamente enquanto descrevia a última aventura que tivera com os Árabes. Ashira, seguindo perto de Jedida, também viu o tio Lem e respirou fundo como que para se livrar das reminiscências da dor e frustração associadas ao encontro com Ziva. Ela também se animou ao ver seu tio favorito.

Jedida abriu o portão para Ashira e ela entrarem. Lemuel viu Jedida e ficou em pé com um grande sorriso, estendendo suas mãos para ela. Jedida examinou seu alto irmão mais velho. Com seus cerca de quarenta anos, o cabelo preto-azeviche estava bem cortado, alcançando sua barba. Sua face elegante estava áspera e bronzeada com os anos que viajara através dos desertos arenosos. Linhas de sorriso rodeavam seus olhos pretos e perspicazes de comerciante. Esse seu irmão sempre fora alguém em quem podia confiar. Quando jovem, Lemuel tornara-se um aprendiz de Nadab, um comerciante rico. Sua mente esperta aprendeu rapidamente o ramo e logo ele ficou conhecido como um excelente comerciante também. E agora, mesmo sendo um dos mais ricos e ocupados de toda a Galiléia, ele nunca deixava de visitar sua mãe, Ana, e sua irmã, Jedida, frequentemente. Ele as amava muito, e elas sabiam disso.

A voz profunda de Lemuel ressoou enquanto ele achava um caminho pelo meio das crianças—Jedida! É tão bom ver você, irmazinha! E Ashira! Puxa, ela vai estar do meu tamanho na próxima vez que eu visitar!—Ashira, um dos membros mais baixos da família, levantou a cabeça sorrindo divertidamente para ele. Jedida deu uma gargalhada e abraçou seu irmão.

—Sim, ela está crescendo em muitos aspectos—ela adicionou com um olhar sério para Ashira.—Ashira, que tal você entrar e a gente conversa depois.

Ashira obedeceu em silêncio. Olhando acanhadamente para seu tio, ela entrou de fininho em casa.

Lemuel, um especialista em tranquilizar um momento embaraçoso, virou e anunciou para as outras crianças com um dramático movimento da mão—E então eu miraculosamente escapei com todos os meus bens daqueles bandidos e agora estou aqui para contar isso a vocês! Fim.

As crianças suplicaram por mais. Rindo, Lemuel acenou que bastava, e as pequenas crianças, vendo que não iriam ouvir mais histórias naquele momento, espalharam-se pela casa e pelos pátios.

Lemuel pegou Jedida pelo braço e eles se dirigiram para a sombra da arvore de acácia—Então, irmãzinha, como vão as coisas por aqui? Tudo correndo bem durante as semanas que estive fora?

Jedida pensou por um momento—Depende do quê você chama de ‘correndo bem’. Ashira acabou de ficar irritada com a tia da Elizabete, a Ziva…

—Uma característica que ela pegou diretamente de Simão, sem dúvida—Lemuel respondeu brincando.

Escolhendo ignorar esse comentário, Jedida continuou—E Ariel parece ficar mais quieta todo dia. Ela gasta mais e mais tempo no terraço, como se achasse mais prazer em ficar sozinha do que com outros.

—Ah, mas pelo menos ela tem a disposição quieta e doce de sua mãe, mesmo ainda não tendo sua paixão por cuidar de outros—Lemuel disse com um piscar de olhos e um sorriso.—Vamos, vamos. Conte-me sobre os outros!

Jedida continuou—Ezequiel está sempre cheio de energia. E as crianças menores, bem, eu suponho que todo mundo está bem. Eu não estaria bem sem a Mãe. Ela é uma ajuda tão grande e eu acho que ela tem mais energia que todos nós juntos!—Lemuel e Jedida riram ternamente juntos.

—E o Simão? Certamente ele já deveria estar em casa?—Lemuel perguntou.

Jedida deu um sorriso distante. Ela virou para seu irmão mais velho.—Não—ela parou por um momento, de repente incerta de como Lemuel reagiria à notícia.—Eu estava chegando nessa parte—Jedida de alguma maneira não teve a impressão de que Lemuel consideraria isso como sendo as Boas Novas como eles sentiam que era.—Ele partiu hoje. André retornou essa manhã para falar com ele sobre um homem que eles acreditam ser o Messias!—Jedida olhou esperançosamente para seu irmão—Lemuel, o Messias!! Eles dizem que seu nome é Yesu!—de novo, ela olhou nos olhos de Lemuel, esperando ver um sinal positivo na reação dele.—Assim que Simão ouviu, ele foi com André. Eu não sei por quanto tempo ele vai estar fora, mas, Lem, ele pode realmente ser Aquele por quem esperamos!

Lemuel ficou pensativo por um momento—Então Simão foi para tentar descobrir mais sobre esse homem. Bem, Simão e eu temos nossas diferenças, mas se ele acredita tão fortemente que ele foi chamado para achar um Messias… bem, eu posso pelo menos dizer que admiro isso num homem.

Jedida balançou a cabeça ao sentar num banco ali perto, duvidando das suas palavras. Lemuel e Simão eram tão diferentes quanto dois homens podiam ser. Lemuel era educado, culto e tinha paixão em ser “responsável”. Aos olhos do seu irmão, Simão era a pessoa mais inculta e desinteressante que já houve. Lemuel era rico e bem sucedido e Simão, bem, Jedida sempre achava que o seu coração compensava por quaisquer riquezas que talvez faltasse. A sua paixão era certamente mais pelas coisas de Deus, pois pensava que se isso estivesse em ordem, a casa também estaria. Sim, os dois homens eram bem diferentes. Quando ela ia começar a dizer algo, Ana chamou da cozinha—Lemuel? Venha para dentro e coma alguma coisa. Você deve estar faminto!

Lemuel piscou para sua irmã e, colocando uma mão no ombro dela gentilmente, beijou o topo de sua cabeça. Então, aceitando o chamado da mãe, atravessou rapidamente o pátio e entrou na cozinha enquanto Jedida virou sua atenção para as crianças.

Uma vez dentro da casa, Lemuel encheu uma mão com as tâmaras que Ana ofereceu e começou imediatamente a reclamar sobre Simão. Ele claramente não estava apoiando Simão o tanto quanto havia sugerido antes. Na realidade, ele estava irado.

—Mas, Mãe—ele disse tentando conter a voz—ele deixou sua família inteira, sete crianças e duas mulheres para seguir um homem que ninguém nunca ouviu falar, que ele nunca viu e quem seu irmão diz ser o Messias? É o cúmulo do absurdo! Jedida está começando a cansar. É evidente que ela não está somente cuidando dessa casa mas colocando sobre si a responsabilidade de ter certeza de que a casa de Jessé é suprida também. E na verdade, você não parece estar muito bem também! Nove bocas mais vizinhos para alimentar é muito. Quem vai cuidar da pescaria? Jerede?! Ele não foi feito para pescar!

Ana, que estava indo de um lado para o outro da cozinha trabalhando, neste momento olhou para ele—Pera aí, filho. Dá para se viver de pescaria. E Jerede irá se adaptar. Jedida é muito econômica!—ela esvaziou um cesto de tâmaras em um saco de ráfia.—Nós ficaremos bem—ela fechou o saco com um puxão no cordão.—E por que você está chamando a procura de Simão pelo Messias de “o cúmulo do absurdo?” Não é que nosso Povo sempre tem ansiado por um Messias? Nossa nação inteira gira em torno de tal momento, de tal era. Porque você está zombando? Porque não seria agora? Porque não seria nós? Todos que tem ouvido sobre Ele têm se admirado e se entusiasmado. Até Ezra, Lem, e você sabe que ele conhece as Escrituras.—Ela suspirou exasperada e continuou—O profeta João apontou para esse homem Jesus. Você nem consegue considerar a possibilidade de que Ele seja o Messias?

Lemuel encheu a mão de tâmaras outra vez. Os olhos dele se arregalaram ao verem uma minhoquinha se espremendo na sua mão. Ele jogou tudo que estava na mão no monte de lixo e continuou a dar passos largos de um lado do quarto para o outro.

—Mãe, têm alguns fatos da vida que você não parece entender. Primeiro, sonhos sobre um Messias não alimentam uma família. E, é claro que eu anseio por um Messias do mesmo tanto que você anseia. É claro que, como você disse, todo Israel está ansiando por um Libertador. Mas nós dois sabemos que muitos falsos libertadores têm surgido e CAÍDO, e quantas pessoas foram machucadas. Eles têm se provado falsos ao decorrer do tempo. É perigoso e desnecessário para Simão arriscar sua família dessa maneira. Muitos Galileus correm atrás de todo homem que declara ser o Messias, só…

Ana levantou sua mão com autoridade—Lemuel, você é meu filho. Por essa razão você deve pelo menos me ouvir. Você certamente se lembra do que o profeta Isaías declarou:

No passado Ele humilhou a terra de Zebulom e

de Naphtali, mas no futuro honrará a

Galiléia dos Gentios, o caminho do mar…

Lemuel estava andando de um lado para o outro, ainda escutando, mas muito agitado para ficar de pé parado. Vendo que ainda tinha a atenção dele, Ana continuou—O profeta estava se referindo a nós, Lemuel! Aqui, esta terra, Galiléia, a terra de Zebulom! Você conhece as outras promessas tão bem quanto eu… poderíamos continuar por horas. E ainda mais, Jesus já foi declarado pelo batizador João ser o Cordeiro de Deus e Salvador do mundo. Eu creio que isso faz este homem bem diferente. Dez mil impostores nunca poderão roubar a Verdade, se formos corajosos.

—Talvez…—Lemuel murmurou hesitante.

Ana continuou—Eu aprecio que Simão estava disposto para pelo menos ir e descobrir, apesar de que poderia haver um custo para sua família. E, meu filho, você sabe que Jedida e eu somos muito capazes de criar uma família mesmo quando as coisas estão um pouco difíceis. Mas,—ela disse, quando Lemuel tentou interromper—eu sei que precisaremos de ajuda. Como Adonai tem provido todos esses anos, talvez seja por isso que você está aqui.

Jedida, trabalhando no pátio, ouviu partes da conversa entre o irmão e a sua mãe. De um lado, parte do que Lemuel dissera estava correto. Simão tinha deixado tudo e ele deixando de pescar até mesmo por alguns dias seria um desafio a mais para a habilidade dela de poder alimentar e cuidar da família. Por outro lado, se o próprio Adonai Elohim ordenara a esse Jesus para ser Seu rei, então não deveria Simão segui-lo? Depois desses tempos difíceis poderiam vir os tempos de grande prosperidade pelos quais todo Israel ansiava. E além do mais, sua mãe era uma das pessoas mais sábias que ela conhecia. Se Ana acreditava que tudo terminaria bem, então seria assim… Não seria?

Os pensamentos de Ashira disparavam enquanto ela se preparava para dormir. “É difícil acreditar que foi há pouco, nessa manhã, que abba e eu falamos sobre a profecia de Isaías. Parece que já passou dias desde quando estávamos conversando nas margens do lago. Aquela frase, aquele nome maravilhoso: Príncipe da Paz… Isso é certamente o que eu preciso, um Príncipe de Paz. O Prometido será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade…e Príncipe da Paz. Será que Yesu é isso? Tudo dentro de mim anseia por isso!

Mas tudo está numa bagunça tão grande. Eu sou uma bagunça. Não sei o que odeio mais: Ziva ou minhas reações para com ela. Eu certamente preciso de paz quando chego perto dela. Mas até agora Jesus tem levantado tudo menos paz. Meu abba está fora de novo. Tudo parece instável e agitado por causa disso. Até tio Lem, que consegue sorrir nas horas mais difíceis, está claramente perturbado com o simples mencionar do homem, Yesu. Nem um dia inteiro se passou desde a “vinda” desse Messias e tudo em meu mundo ficou de ponta cabeça. O que tudo isso significa?

Eu não sei… Talvez a paz que foi profetizada tem mais a ver com política nacional de como acabar com o domínio Romano e restaurar a nação de Israel? Eu sei que é certamente isso que algumas pessoas pensam.

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