Cem Mães e Pais... e, Mesmo Assim, Ordem NA Casa
2001
Pergunta: Já que devemos ser “cem pais, mães, irmãos e irmãs...”, como fica o modo pelo qual o mundo tipicamente enxerga família de sangue? Como deve ser entendida a relação entre a Família Espiritual e a família de sangue entre si no que diz respeito à criação de filhos e outras áreas?
É claro que existem milhares de oportunidades práticas com relação a tudo isso. Talvez nós possamos usar a “disciplina das crianças” como um exemplo. Mesmo dentro de uma expressão de Jesus, uma Igreja viva, que é muito parecida com Jesus e que não tem muitas questões não resolvidas, nem divisões, nem fermento, mesmo assim devemos honrar a unidade biológica da família. Claro que numa assembléia onde todo mundo faz o que é certo aos seus próprios olhos e poucos “discernem o Corpo” isso seria ainda mais verdadeiro, pois raramente existe um repositório de amor e relacionamento diários além das fronteiras da unidade biológica da família.
Mesmo se estivermos num lugar onde as coisas são bem próximas daquilo que Deus deseja para uma verdadeira igreja, é preciso haver respeito pela família de sangue. Mesmo onde a vida de Cristo, “do menor ao maior”, está alinhada na direção em que deve estar (nem todos estão necessariamente ONDE devem estar, mas todos ESTÃO NA DIREÇÃO que Jesus deseja), mesmo aí seria virtualmente impossível que eu simplesmente pegasse o filho de alguém pela mão, porque ele talvez esteja sendo malcriado, e o levasse para um quarto e usasse a vara nele. Não acontece!—exceto na mais rara das circunstâncias ou emergências. Eu preciso honrar seu passado e a responsabilidade imediata que tem em relação à autoridade de seus pais.
Embora seja bastante responsável por aquela criança, sendo que tenho uma centena de pais, mães, irmãos, irmãs, filhos, terras e posses, mesmo assim eu não vou arrogantemente começar a disciplinar as crianças aqui e ali, em vez de trabalhar com elas e seus pais. Eu não vou de repente começar a disciplinar a criança—embora em boa medida ela seja parte de minha família.
E MESMO ASSIM, eu NÃO POSSO nem vou segregá-los com base em carne e sangue ou DNA como “meros humanos”, como fazem os pagãos. “Bom, eles são negros ou chineses, velhos ou jovens, então eu não consigo me entrosar com eles”. “Eles não são parte de mim de verdade”. “Eles têm um conjunto de genes diferente do meu, e um sobrenome diferente, portanto não sou assim tão responsável”. Não! Isso não é verdade! Não devemos “ver homem algum de acordo com a carne”, independentemente de sua cor, idade ou de qualquer conjunto de genes do qual eles possam ter saído. Eu sou responsável. Se verdadeiramente “fui regenerado”, tornei-me uma espécie diferente, como eles se tornaram, e esta entidade supera e de longe torna obsoletas essas questões de carne, sangue e banco de genes.
Mesmo assim, a ordem que Deus colocou em ação para que as coisas funcionem adequadamente implica que eu não vou pegar uma criança pela mão e levá-la para dar disciplina sem envolver a família dada a ela. Eu vou honrar o processo que Deus estabeleceu—embora nós iremos resolver isso juntos de alguma maneira. Uma opção é dizer à criança: “Que tal você ir contar a seus pais o que você acabou de fazer”. Eu posso facilmente me envolver dessa maneira a qualquer dia da semana. “Eu ouvi bem? Você poderia me explicar o que acabou de dizer para sua irmã e por que você fez isso?” “Vamos conversar sobre isso. Vamos até ali. Sua mãe está logo ali. Eu gostaria que você dissesse a ela o que eu acho que acabei de ver. Você quer por favor fazer isso para mim?” Estou bastante envolvido nesse processo e jamais, nem em um milhão de anos, pensaria que não é minha responsabilidade e que não devo me envolver. Eu nunca iria dizer: “Bom, eles criam os filhos de outro jeito e simplesmente temos que respeitar as diferenças”, enquanto seus filhos crescem para se tornarem rebeldes e morrerem em seus pecados quando tiverem quinze anos. Eu não vou fazer isso! Deus falou várias vezes que nós prestamos contas pelas almas uns dos outros, e o último sujeito que conheço que sugeriu: “Eu não sou o guarda do meu irmão”, NÃO é um dos meus heróis.
Deus É o Dono
Sem sombra de dúvida existe um processo de respeito que diz: “Eu quero honrar o lar”—“Eu quero honrar o fato de que os pais desta criança são os responsáveis primários por este presente”. Porém eu sou plenamente consciente de que eles não são donos daquela criança ou cônjuge, mas DEUS é que é. Um pai ou cônjuge possui responsabilidade primária—mas ele não é dono daquela criança ou cônjuge. Esta criancinha não é a propriedade deles. Esta criança, este cônjuge, é um co-herdeiro. Uma criança é um presente que foi confiado em depósito. Os pais não criaram aquela vida. Eles doaram alguma coisa ao processo e agora assumiram muito da responsabilidade, mas no fim das contas aquela criança pertence a Deus. Por causa disso, eu não vou deixar dois pais destruírem a vida de uma criança. Não no meu turno. Eu vou, de alguma forma, encontrar uma maneira criativa de ajudar. Há mil maneiras de ajudar a transmitir visão e eu tenho que achar a energia necessária, não ser passivo. Eu preciso assumir responsabilidade pois aqueles, de acordo com Deus, são meus filhos também, Espiritualmente falando.
Existe Prudência
Agora, é claro, se eu tivesse acabado de conhecê-lo, eu seria muito mais criativo com você porque não o conheço muito bem. Com outros que conheço bem, eu posso ser um pouco mais direto pois eles esperam isso e eles próprios também são assim, quando necessário. Podemos ser mais diretos quando conhecemos um ao outro bem, porque confiamos um no outro e sabemos o que cada um está querendo dizer e não há dúvida que temos um compromisso um com o outro. Existe uma lealdade e um amor que permite um certo grau de franqueza. Isso pode levar um pouco de tempo se você não conhece alguém muito bem, mas você ainda é responsável por todos que são da mesma espécie genética—os que nasceram uma segunda vez—e de sua progênie. Eu ainda sou responsável. Eu SOU o guarda de meu irmão. Eu admito. Sou culpado. E você também. Vocês são sacerdotes se nasceram uma segunda vez. Responsabilidade faz parte!
Portanto, existe um processo de honrar a ordem que Deus estabeleceu, e cada um de nós deve ser bastante comprometido nesse sentido. Existe também uma perspectiva global que diz: “Eu não posso virar as costas. Eu tenho que achar um modo—ao mesmo tempo em que continuo honrando”. Não existe nenhuma resposta prontinha ensinando a fazer as coisas, mas é preciso haver alguma visão de como isso é da perspectiva de Deus para que possamos começar a navegar através das 10 milhões de situações diferentes.