Ele Alegra os Corações
25/6/2005
É o Senhor que faz…
o vinho, que alegra o coração do homem;
o azeite, que lhe faz brilhar o rosto,
e o pão que sustenta o seu vigor.
Salmo 104:15
Rebeca e Kitra seguravam as mãos do bebê irmão ao caminharem para uma parte mais rasa das margens. A mãe pedira a Rebeca para achar um lugar seguro e quieto para brincar com os pequenos enquanto os outros diligentemente preparavam a refeição para aqueles que sem dúvida viriam para jantar.
Se acomodando com seus irmãos debaixo da sombra de uma das poucas árvores espalhadas pela margem pedregosa, ela sentou seu irmão e as crianças começaram a brincar. Rebeca começou a vasculhar pelo seu cesto onde colecionava coisas bonitas demais para serem jogadas fora.—Vamos ver… onde está aquele copo que eu trouxe?—ela tirou uma tira longa de pano, uma velha cinta de sua mãe. Depois veio um velho pedaço de rede de pescaria, uma pena azul cinzenta e uma pedra brilhante—Ah! Aqui está!—ela triunfalmente tirou uma concha de marisco cinza e branco listrado.
—Isso é um copo?—Kitra perguntou.
—Ah, só tamos brincando que é um copo. Vamos encher ela com água para transformar a água em vinho?! Ela ficou de pé, sacudiu seu manto para tirar a areia e foi para a beirada da água seguida de perto por Kitra, que segurava a mão do bebê.
—Tlansformá água em quê?—Kitra perguntou.
—Em vinho! Você sabe, em Caná alguns dias atrás…
—Onde é Caná?—Kitra interrompeu docemente.
Rebeca chacoalhou sua cabeça, sorrindo para sua irmã—É onde abba está. Ela colocou um cacho esvoaçado atrás de sua orelha—Pois é, no casamento, Jesus…
—Quem é ele?—Kitra perguntou. Agora entretida na história, ela soltou a mão do bebê.
—Bem, não tenho certeza, mas abba está com ele. Nesse casamento, o vinho acabou e eles pediram para Jesus ajudar. Jesus falou para os servos encherem algumas graaaandes jarras com água.
Kitra caiu nas gargalhadas—Com água?!
—Isso mesmo. Aí ele falou para o servo para levar um pouco para o noivo.
—Que é… noi-vo?—Kitra olhou curiosamente para Rebeca, enfatizando pausadamente a palavra.
Rebeca riu—A pessoa que está casando com a noiva. Bem, quando eles tiraram um pouco de água da jarra… Óh…!—Rebeca suspirou, deixando a concha cair ao ver o bebê indo em direção à água. Ela correu até ele, levantou-o para sua anca e, andando de modo desajeitado, retornou para a árvore.
—Aqui, você deixô o copo cair—Kitra disse, dando a concha para Rebeca.—…A água vilou vinho?
—Sim.
—Como Jesus feiz isso?
—Não tenho a mínima idéia, mas você podia perguntar pra ele se ele vem com abba—Rebeca disse, colocando o bebê no chão.
—Você já viu Jesus?
—Eu não, mas quero ver ele.
—Também não vi, mas você falô que abba está com ele, então a gente vai ver ele com abba.
—Sim, talvez até hoje!—Rebeca disse alegremente.—Então, agora você senta e faz de conta que é a noiva, Kitra. E você—ela disse, levantando o bebê e o colocando ao lado de Kitra—pode ser o noivo. Mas você precisa sentar bem quietinho.—Rebeca olhou para ele com pouca esperança.
As meninas ouviram uma risada, levantaram o olhar, e viram Ariel aparecer descendo o morro.—O nenê é o noivo?—ela perguntou, ajoelhando perto das crianças menores.
—Sim—Kitra disse e então fez um gesto para Rebeca.—Mais vinho, po-favor!
Agora era a vez de Rebeca dar gargalhadas. Ela correu levemente para a água rasa e pegou um pouco de água límpida do lago na concha.
—Aqui, isso é a água. Hummm. Como podemos fazer virar vinho?
—Eu sei!—Kitra disse, levantando. Ela pegou uma mão cheia de areia e terra e cuidadosamente a derramou para dentro da concha.—Plonto!—Kitra sorriu esperançosamente para Rebeca, que deu um olhar cético para a lama.
—Bem, acho que isso dá por enquanto—ela fez uma reverência e deu a concha para Kitra, que levantou-a para os lábios.
—Não bebe de verdade!—Rebeca exclamou.
Kitra começou a rir—Sabia que você ia falá isso! Só tava fazendo de conta de beber!
—Oba! De quê estão brincando?!—uma voz de homem assustou as meninas. Elas se calaram e olharam para cima.
Ariel arregalou os olhos—Aaaah! Você é o estranho que me ajudou no poço!
—Se já me conheceu no poço, então não sou mais um estranho, não é?—um sorriso carinhoso veio no seu rosto.—Interrompi sua festa?—ele perguntou, olhando para as crianças e as conchas cheias de água lamacenta.
—Aaaah…—Rebeca começou incerta—só estamos…
—Tamos blincando da veiz quando Jesus tlansformou água em vinho em Canaã!—Kitra entrou na conversa. Vendo o olhar no rosto de Rebeca, ela se corrigiu—Quelo dizê Caná!—Então levantando o copo de água lamacenta ela ofereceu a ele—Qué um pouco?
—Claro—ele riu, pegando a concha cuidadosamente.—E eu acho que estou começando a descobrir quem vocês são—o homem virou para Ariel.—Você, querida jovem do poço, deve ser Ariel?
Ariel riu.—Como você sabe?
O homem sorriu e virou para Kitra.—Você deve ser Kitra! Seu pai sempre fala sobre você.
—Você conhece meu abba?
—E você deve ser a quietinha, Rebeca?
Ela acenou, perguntando timidamente—Quem é você?
—Sou Jesus.
—Seu nome é Jesus?!—Ariel sentiu como se seu coração fosse se romper.—Você não é um estranho! E nunca foi! Você é Jesus!
Kitra soltou um grito de alegria—Você tlansformou a água em vinho—ela tagarelava, dançando ao redor dele. Ela de repente parou e olhou para ele.—Como cê feiz isso?!
Jesus riu, piscando para Ariel e Rebeca.
Os olhos de Rebeca se arregalaram com um pensamento—Abba está com você?
—Sim! Tá vendo, ele está vindo na praia agora.
Rebeca gritou—Ó, Kitra, Ariel! Olha! É abba!
Kitra não ouviu. Ela tinha agarrado o tornozelo de Jesus e estava abraçada custasse o que custasse enquanto ele a girava em voltas. Jesus se arrastava em direção a André, Pedro e vários outros homens que estavam se apressando até eles. Rebeca e Ariel correram nos braços do pai.
—Abba!—Kitra gritou das pernas de Jesus.
—Vou socorrer você!—Pedro disse ao rir e levantar ela em seus braços.
Ela enterrou seu rosto no cabelo espesso dele, e então olhou nos seus olhos, confusa.
—Abba, po-que cê não tem chelo de peixe mais?