EXPLORE: O MUNDO DE O PRÍNCIPE PERDIDO
1915
O Mundo De A Europa que Marco e O Rato “foram soprados de um lugar para outro como grãos de pó” tem mudado radicalmente no século desde quando O Príncipe Perdido foi primeiro publicado. A tecnologia muda. A cultura muda. As linhas e nomes no mapa do mundo estão constantemente mudando. Natureza humana, entretanto – a parte boa como a ruim e feia – permanece basicamente o mesmo de geração para geração. Por isso que os personagens do livro são ainda fáceis de entender e de se relacionar. Mas o leitor de hoje, seja uma criança ou um adulto, talvez tenha um pouco de dificuldade em imaginando o mundo onde esses personagens viveram. Então aqui está uma breve descrição do cenário desse livro. Esperamos que aumente seu entendimento e apreciação do livro O Príncipe Perdido!
Cenário. A primeira edição de O Príncipe Perdido foi impressa em 1915, alguns meses depois que a Grande Guerra começara, agora conhecida como a Primeira Guerra Mundial. Porém, o livro foi escrito nos anos logo antes da guerra e em um cenário de uma Europa cheia de culturas e em paz governada por aristocratas e nobres. A maioria das nações da Europa, desde a Inglaterra no oeste até a Rússia no leste, eram unidas por uma herança comum. Seus líderes liam os mesmos livros, praticavam os mesmos esportes, assistiam as mesmas óperas, e aprendiam as mesmas línguas (principalmente inglês e francês). A maioria deles eram parentes ou por casamento ou por sangue. Eles governavam sobre um povo que ainda incluía uma classe de camponeses agricultores, mas mais e mais se tornando urbano e industrial. A luz elétrica, o automóvel, e o avião tinham sido recentemente inventados. Havia um sentimento em general que a sociedade estava fazendo grande progresso e que o vigésimo século seria uma era de paz e prosperidade. O sentimento geral não poderia estar mais equivocado. A guerra, que começou em agosto de 1914 e acabou em 1918, matou 20 milhões de europeus e feriu outros 20 milhões. A guerra também completamente refez o mapa europeu, introduziu uma era de ditadores totalitários como Stalin e Hitler, e diretamente causou a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria e indiretamente a militância Islâmica e o interminável conflito no Oriente Médio. O continente precisaria quase que um século para se recuperar da Primeira Guerra Mundial. O planeta até hoje não tem se recuperado. Mas O Príncipe Perdido pertence a uma era antes disso, uma era dos últimos anos da “Antiga Europa”, quando a vida parecia ser mais pacífica e dois rapazes realmente podiam viajar atravessando um continente.
Homens pobres e “grã-finos”. Quando primeiro encontramos Marco, ele e Loristan e Lázaro acabaram de se mudar para Londres. Eles acomodaram em alguns quartos alugados em uma pensão numa rua chamada Philibert Place, que a autora descreve como uma “fileira de casas feias e obscuras” com tijolos acinzentados, janelas empoeiradas, e cortinas sujas. A rua movimentada no lado de fora está entupida com trânsito e pedestres vestidos pobremente. Philibert Place é “triste nos dias mais claros e nos dias nebulosos ou chuvosos era o lugar mais infeliz que tinha em Londres”. Marco vive num bairro bem pobre em Londres cheio de pessoas que chamaríamos hoje de “os trabalhadores pobres”. O Rato vive num lugar com condições até piores com um pai abusivo e alcoólico. A família de Loristan quase não tem comida o suficiente. O Rato frequentemente passa fome.
No outro lado do espectro econômico estão os aristocratas de classe mais rica, conhecidos na gíria popular como os “grã-finos”. Eles gozam de uma vida de luxo e privilégio, moda e divertimento. Eles têm governado a Grã-Bretanha por gerações. Ao o vigésimo século começar, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha e seu gabinete são compostos de Marqueses, Condes, Duques, Viscondes, e Barões. A maioria deles são descendentes dos homens que tinham governado a Grã-Bretanha desde a Idade Média. Suas riquezas vem de posses vastas de terra que são arrendadas a fazendeiros. A maioria deles tem uma mansão em Londres, uma ou duas chácaras no campo e talvez um castelo na Escócia ou Irlanda.
Na Inglaterra dos dias de Marco, o contraste entre os ricos e os pobres era drástico. A população da nação era em torno de 44 milhões de pessoas. Destes, a mais pequena fração, somente 2.500 pessoas, abrangeriam a classe rica. Cada um deles possuíam pelo menos 3.000 hectares e rendas anuais de pelo menos £3.000 de seus bens. Aproximadamente 3 milhões de pessoas eram o que nós chamaríamos dos trabalhadores do “colarinho branco” ou seja balconistas, professores, e lojistas. Eles tinham uma renda anual de aproximadamente £75. As outras 15 milhões de pessoas eram os trabalhadores do “colarinho azul” que incluía soldados, policias e pedreiros que ganhavam menos do que £50 ao ano. Quase um terço da população inteira da Grã-Bretanha naquela época vivia abaixo da linha de pobreza oficial do governo de £55 ao ano para uma família de cinco! Talvez este fato explique (mas não desculpa) porque O Rato jogou uma pedra no Marco quando confundiu ele como um “grã-fino”. Também ajuda a explicar como dois pobres meninos poderiam viajar pela Europa sem ser notado. Mendigos pobres estavam literalmente todo lugar. E por fim, pode ajudar também nós apreciarmos como era especial como Lázaro tinha bastante cuidado para manter limpeza, ordem e dignidade nas condições sujas onde Loristan e Marco tinham que viver.
Mapa da Europa. Sendo que O Príncipe Perdido descreve Marco e O Rato viajando pela a Europa para dar o Sinal para o Partido Secreto, geografia é uma parte importante da história. No começo desta seção nós reproduzimos um mapa da Europa da data de 1911, três anos antes do começo da Primeira Guerra Mundial. Essa é a Europa que Marco e O Rato teriam visto e experimentado. As setas no mapa traçam mais ou menos a trajetória das suas viagens. Aqui estão as nações que se encaixam na história:
A Grã-Bretanha — Como temos mencionado, a Grã-Bretanha era uma casa para 44 milhões de pessoas na época de Marco. Mas depois de um século de colonização infatigável, ela governava um império com um território de 10 milhões de milhas quadradas e uma população de 400 milhões de pessoas incluindo a Índia, Irlanda, Hong Kong, Egito, e a maioria da África Ocidental e Oriental. A Grã-Bretanha era uma monarquia constitucional governada por um Parlamento escolhido por eleições gerais.
França — Durante o começo do vigésimo século, a França estava no meio do que chamamos a Terceira República, que durou de 1870 até a invasão nazista em 1940. Era um período de grande instabilidade política, fraqueza, e escândalo. A França controlava várias colônias, incluindo o Vietnã, algumas ilhas Pacíficas e muito da África do Norte e Central. Mas a França faltava a influência política ou econômica de Grã-Bretanha, Alemanha, ou os EUA.
Império Alemão — Antes da guerra, Alemanha incluía todo seu território atual como também a maioria de Polônia. A Alemanha era uma casa de força industrial e uma moradia para 68 milhões de pessoas em 1913. Na época a Alemanha era governada por um rei chamado Guilherme II. A Alemanha possuía colônias no Sudoeste da África o nas ilhas Pacíficas.
Império Austro-Húngaro — Esta união de dois reinados governava a maior parte da Europa Central de 1867 a 1918. Viena era sua capital. Era a segunda maior nação da Europa (depois da Rússia) e o terceiro mais populoso (depois da Rússia e o Império Alemão). O Império Austro-Húngaro dissolveu depois da Primeira Guerra Mundial. Hoje, partes desse Império compõem treze nações diferentes na Europa!
Rússia — O enorme Império Russo estendia da Europa Oriental pela Ásia e até 1866 para a Alasca. A Rússia foi governada por um dos últimos monarcas absolutos na Europa, o czar (russo para “César”). A Rússia era uma das nações menos industrializados no continente com uma economia fraca e muita inquietação social. Já nos dias de Marco era um berço para políticos radicais e intriga revolucionária. As dificuldades da Primeira Guerra Mundial levariam à revolução Bolchevique em 1917, transformando o Império Russo na União Soviética.
Onde está a Samávia? A história de O Príncipe Perdido nos dá dicas o suficiente que podemos ter uma boa ideia de onde Samávia estaria localizada, especialmente sendo que é um país imaginário! Para chegar na Samávia, Marco e O Rato viajam em direção sudeste pela Europa, atravessando França, Alemanha, e Áustria. Eles cruzam a fronteira para dentro da Samávia só uma semana depois de sair de Viena na Áustria, viajando principalmente a pé. Mais cedo na história a autora descreve Marco parecendo “ser de alguma região da Turquia” e com pele mais escura do que o normal para londrinos. Colocando toda essa informação junto, fica claro que Samávia foi imaginada para estar na parte do sul da Europa Oriental, provavelmente nos Bálcãs. No mapa temos desenhado a Samávia no local onde atualmente a Sérvia está localizada, porém seria mais comparável a uma das nações pequeninas que rodeiam ela como a Eslovênia ou Montenegro. Embora a Samávia nunca existiu, é fácil de imaginá-la nessa narrativa empolgante de O Príncipe Perdido.