ENTRE A NOITE E A MANHÃ
1915
Depois disso, eles esperaram. Não sabiam pelo que esperavam, nem podiam sequer imaginar como a espera acabaria. Tudo que Lázaro pode contar-lhes ele contou. Ele estaria disposto a ficar em pé respeitosamente por horas relatando a Marco a história de como o tempo passara para seu Mestre e para ele o período em que eles estavam ausentes. Ele contou como Loristan falara todos os dias de seu filho, como ele ficara frequentemente pálido de ansiedade, como às tardes ele andara de um lado para o outro em seu quarto, em profundo pensamento, com sua cabeça para baixo olhando o tapete.
― Ele me permitiu falar de você, senhor ― Lázaro falou. ― Vi que ele desejava ouvir seu nome frequentemente. Lembrei-o de quando você era tão novo que a maioria das crianças da sua idade estaria nas mãos de amas, e mesmo assim era forte e silencioso e firme, e viajava conosco como se não fosse uma criança: nunca chorando quando estava cansado nem quando não fora propriamente alimentado. Como se você entendesse… como se você entendesse ― ele adicionou, orgulhosamente. ― Se pelo poder de Deus uma criatura pode ser um homem aos seis anos de idade, você era essa criatura. Em muitos dias obscuros e difíceis sempre tenho olhado para seus olhos solenes e observadores e ficado um tanto com medo, porque uma criança respondendo tão poderosamente a um olhar parecia quase uma coisa sobrenatural.
― O que mais me lembro daqueles dias, ― disse Marco ― é que ele estava comigo, e que sempre que eu estava com fome ou cansado, sabia que ele estava também.
O sentimento de que estavam “esperando” era tão intenso que encheu aqueles dias com estranheza. Quando a batida do carteiro era ouvido na porta, todos os três se seguravam para não serem o primeiro a ir atender o portão. Uma carta poderia chegar algum dia e dizer-lhes: eles não sabiam o que. Mas não chegou carta alguma. Quando saíam de casa, eles se viam voltando depressa apesar de si mesmos. Talvez alguma coisa acontecera. Lázaro lia os jornais fielmente, e à tarde contava para Marco e para O Rato todas as notícias que eram “apropriadas para ouvirem”. Mas as desordens de Samávia tinham cessado de ocupar muito espaço. Tinham se tornado uma história velha, e, depois que a empolgação do assassinato de Michael Maranovitch tinha se apagado, parecia haver uma calmaria de eventos. O filho de Michael não ousara tentar tomar o lugar de seu pai, e havia rumores de que ele também fora morto. O líder dos Iarovitch se declarara rei, mas não fora coroado por causa de confusões dentro de seu próprio partido. O país parecia existir num pesadelo de sofrimento, fome e suspense.
― Samávia está “esperando” também ― O Rato irrompeu numa noite quando conversavam juntos ― mas não vai esperar por muito tempo – ela não pode. Se eu fosse um samaviano e em Samávia…
― Meu pai é um samaviano e ele está em Samávia ― a voz jovem e séria de Marco interrompeu.
O Rato ficou vermelho quando percebeu o que dissera. ― Que tolo eu sou! ― ele gemeu. ― Eu… eu rogo pelo seu perdão… senhor. ― Ele ficou de pé quando disse as últimas palavras e adicionou “senhor” como se repentinamente tivesse percebido que havia uma distância entre eles que era algo parecido com a distância entre a juventude e a maturidade – mas ainda assim não era a mesma coisa.
― Você é um bom samaviano, mas… você se esquece ― foi a resposta de Marco.
A intensa seriedade de Lázaro aumentava a cada dia que passava. O respeito cerimonioso de suas maneiras com relação a Marco também aumentou. Parecia que quanto mais ansioso ele se sentia, mais formal e imponente seu comportamento se tornava. Era como se ele mantivesse sua própria coragem fazendo as menores coisas necessárias da vida na sala dos fundos como se fossem da mesma dignidade de serviços realizados em um lugar muito maior e sob circunstâncias muito mais grandiosas. O Rato sentiu quase como se fosse um nobre numa corte, e que dignidade e cerimônia eram necessários de sua parte também. Ele começou a experimentar um sentimento de ser de algum modo uma pessoa de posição, para a qual as portas eram abertas e que tinha vassalos sob seu comando. A obediência cautelosa de cinquenta vassalos se personificava nas maneiras de Lázaro.
― Fico contente ― O Rato disse certa vez, refletidamente ― que, afinal de contas meu pai era… diferente. Isso deixa as coisas mais fáceis de entender, talvez. Se ele não tivesse falado para mim sobre pessoas que… bem, que nunca viram lugares como Bone Court… isso poderia ser mais difícil para eu entender.
Quando finalmente eles conseguiram juntar o Pelotão, e foram passar uma manhã nos Quartéis atrás do cemitério, aquele corpo de homens armados olhou fixamente para seu comandante com grande e maravilhada incerteza. Eles sentiram que algo tinha acontecido com ele. Não sabiam o que, mas fora alguma experiência que o deixara misteriosamente diferente. Ele não se parecia com Marco, mas de alguma maneira extraordinária ele estava mais similar a ele. Eles somente sabiam que alguma necessidade dos negócios de Loristan tinha levado os dois para longe de Londres e do Jogo. Agora eles estavam de volta, e pareciam mais velhos.
Inicialmente, o Pelotão se sentiu desajeitado e eles arrastavam os pés desconfortavelmente. Depois dos primeiros cumprimentos eles não sabiam exatamente o que dizer. Foi Marco que mudou a situação. ― Faça as manobras conosco primeiro, ― ele disse para O Rato ― então podemos falar sobre o Jogo.
― Atenção! ― gritou O Rato, magnificamente. E então eles esqueceram de todo o resto e entraram em linha. Depois que as manobras terminaram, eles se sentaram em um círculo no pavimento quebrado, e o Jogo se tornou mais resplandecente do que jamais fora.
― Tive tempo de ler e planejar coisas novas ― O Rato disse. ― Ler é como viajar.
O próprio Marco se sentou e ouviu, encantado pela habilidade da imaginação que O Rato mostrava. Sem revelar um único fato perigoso ele construiu, de suas viagens e experiências, uma estrutura de aventuras totalmente nova, que teria inflamado todo o ser de qualquer grupo de meninos. Era seguro descrever lugares e pessoas, e então ele os descreveu de forma que o Pelotão torcia em sua alegria de se sentir marchando num desfile a serviço do imperador em Viena; ficando em linha diante de palácios; escalando, com mochilas firmes nas costas, estradas íngremes nas montanhas; defendendo fortalezas em montanhas; e atacando castelos samavianos.
O Pelotão enrubesceu e exultou. O próprio Rato enrubesceu e exultou. Marco observava as feições pronunciadas e os olhos flamejantes em sua face com surpresa e admiração. Esse poder extraordinário de tornar as coisas vivas era, ele sabia, o que seu pai chamaria de “dom”.
― Vamo’ fazê’ o juramento de fidelidade di-novo ― gritou Cad, quando o Jogo tinha encerrado naquela manhã.
― Os jornal nunca mais falou nada sobre o Príncipe Perdido, mas ainda somos todos por ele! Vamos! ― Então formaram uma linha novamente, Marco à frente, e renovaram seu juramento.
― A espada na minha mão – para Samávia!
― O coração no meu peito – para Samávia!
― A rapidez dos meus olhos, os pensamentos na minha cabeça, a vida da minha vida – para Samávia.
― Aqui crescem doze homens – para Samávia.
― Deus seja louvado!
Foi mais solene do que fora na primeira vez. O Pelotão sentiu isso tremendamente. Tanto Cad quanto Ben estavam conscientes de que vibrações corriam de suas espinhas até os sapatos. Quando Marco e O Rato os deixaram, eles primeiro permaneceram em continência, e depois deram gritos ressoantes.
Em seu caminho para casa, O Rato fez uma pergunta para Marco. ― Você viu a sra. Beedle lá no topo da escada do porão olhando para nós quando saímos hoje de manhã?
A sra. Beedle era a proprietária das pensões em Philibert Place nº 7. Era uma mulher misteriosa e chata, que vivia no “porão-cozinha” e era raramente vista pelos pensionistas.
― Sim ― respondeu Marco. ― Eu vi ela duas ou três vezes recentemente, e creio que nunca tinha visto antes. Meu pai nunca viu ela, embora Lázaro fale que ela costumava observá-lo pelas esquinas. Por que será que ela ficou de repente tão curiosa sobre nós?
― Gostaria de saber ― disse O Rato. ― Estive tentando descobrir isso na minha mente. Desde que voltamos, ela fica espiando pela porta da escada da cozinha, ou pelos balaústres, ou pelas janelas do porão-cozinha. Acho que ela quer falar com você, e sabe que Lázaro não permitiria se a pegasse fazendo isso. Quando Lázaro está por perto, ela sempre desaparece.
― O que ela quer me falar? ― disse Marco.
― Gostaria de saber ― disse O Rato novamente.
Quando chegaram ao nº 7 em Philibert Place, eles descobriram, porque quando a porta se abriu eles viram no fim da passagem, no topo da escada do porão-cozinha, a misteriosa sra. Beedle, com seu vestido preto empoeirado e com um chapéu também preto e empoeirado, evidentemente tendo subido naquele minuto de seu esconderijo subterrâneo. Ela tinha subido os degraus tão rapidamente que Lázaro ainda não a tinha visto.
― Jovem Mestre Loristan! ― ela chamou autoritariamente. Lázaro virou-se protetoramente.
― Minha senhora! ― Lázaro disse firmemente. ― Este assunto é comigo, não com o jovem Mestre.
Ignorando totalmente as palavras firmes de Lázaro, ela marchou adiante com seus braços dobrados apertadamente. ― É com o jovem Mestre Loristan que estou falando, não com o seu servo ― ela disse. ― Está na hora de ele ficar sabendo sobre isso.
― Deixe ela falar ― disse Marco. ― Eu quero ouvir. O que você deseja dizer, senhora? Meu pai não está no momento.
― É justo isto que quero saber ― colocou a mulher. ― Quando ele vai voltar?
― Não sei ― disse Marco.
― Então, é isso aí ― disse a sra. Beedle. ― Você é velho o suficientemente para saber que dois garotos grandes e um companheiro grande como ele não podem ter alimento e uma pensão por nada. Se seu pai está voltando e você pode me dizer quando, talvez não seja obrigada a alugar os quartos para outros e tirar vocês; mas sei muito bem sobre estrangeiros para deixar as contas correrem enquanto estão fora. Seu pai está fora. Ele ― ela acenou com a cabeça na direção de Lázaro ― me pagou pela semana passada, mas como vou saber que me pagará por esta semana?
― Eu tenho o dinheiro ― insistiu Lázaro.
O Rato estava pronto para estourar. Ele não ousava se PERMITIR estourar, mas ficou em pé com olhos flamejantes e um rosto vermelho, e mordeu seus lábios até sangrarem. O filho de Stefan Loristan! O Portador do Sinal! Foi então que surgiu diante de seus olhos furiosos a imagem da caverna iluminada com a multidão frenética de homens o adorando, enquanto acima dele estava aquele rosto jovem de um rei olhando daquela pintura antiga. Se ele ousasse falar sobre que estava na sua mente naquele momento, sentiu que poderia ter suportado melhor. Mas como ele era seu ajudante-de-campo ele não podia.
― Você quer o dinheiro agora? ― perguntou Marco. ― É só o começo da semana e não devemos até o fim dessa semana. Você está querendo o dinheiro agora? É isso? Se você está com o dinheiro agora Lázaro, você pode me dar, por favor?
Lázaro literalmente rangeu seus dentes. Mas ele se endireitou e fez continência com cerimônia. Ele pôs a mão dentro do bolso da camisa e tirou sua carteira velha de couro. Havia apenas algumas moedas dentro dela e ele apontou para uma dourada.
― Eu o obedeço, senhor… porque eu devo… ― ele disse, respirando fundo. ― Esta aqui irá pagar a ela por esta semana.
Marco tirou a moeda e a estendeu à mulher. ― Você tem minha palavra ― ele disse. ― No fim desta semana, se não houver o suficiente para pagar pela próxima, nós sairemos.
― Se você me prometer que não vai gastá-lo, esperarei até que esta semana termine ― ela disse. ― Você não é nada mais do que um moço, mas você é como seu pai. Você tem o jeito de uma pessoa em quem se pode confiar. Se ele estivesse aqui e dissesse que não tinha o dinheiro mas que teria assim que pudesse, esperaria mesmo que por um mês. Ele pagaria algum dia se dissesse que iria. Mas ele não está; e dois rapazes e um companheiro como esse não parecem muito como pessoas em quem se pode confiar. Mas confiarei em VOCÊ.
― Por favor, leve o dinheiro ― disse Marco. E ele colocou a moeda na mão dela, virou as costas e entrou na sala de estar nos fundos como se nem a tivesse visto. O Rato e Lázaro o seguiram.
― Temos tão pouco dinheiro sobrando? ― perguntou Marco. ― Sempre temos tido pouco. Quando tínhamos menos do que o normal, vivíamos em lugares mais pobres e passávamos fome se necessário. Sabemos como passar fome. Pessoas não morrem disso.
Os olhos grandes debaixo das sobrancelhas salientes de Lázaro encheram-se de lágrimas. ― Não, senhor ― ele disse ― uma pessoa não morre de fome, mas o insulto… o insulto! Isso não tem como suportar.
― Ela não teria dito nada se meu pai estivesse aqui ― disse Marco. ― E é verdade que meninos como nós não tem dinheiro. Temos o suficiente para pagar por mais uma semana?
― Sim, senhor ― respondeu Lázaro, engolindo seco como se tivesse um nó na garganta ― talvez o suficiente para duas semanas se comermos bem pouco. Se… se o Mestre aceitasse dinheiro daqueles que dariam, ele sempre teria o suficiente. Mas como alguém como ele poderia fazer isso? Como? Quando ele foi embora, pensou… ele pensou que… ― mas de repente ele parou sua fala.
― Tudo bem ― disse Marco. ― Não se preocupe. Sairemos no dia que não podermos pagar mais.
― Posso sair e vender jornais ― disse a voz aguda do Rato. ― Já fiz isso antes. Minhas muletas ajudam vender mais. Pensando bem, a plataforma iria ajudar vender mais rápido ainda. Posso sair na minha plataforma.
― Eu posso vender jornais também ― disse Marco.
Lázaro proferiu uma exclamação como um gemido.
― Senhor ― ele exclamou ― não, não! Não estou aqui para sair e procurar trabalho? Eu posso levar cargas e trabalhar.
― Nós três iremos começar a ver o que podemos fazer ― Marco disse.
Então surgiu-se da rua lá fora sons de jornaleiros gritando, exatamente como tinha acontecido naquele primeiro dia que voltaram de sua jornada. Desta vez o clamor parecia ser ainda mais empolgante do que antes. Rapazes estavam correndo e gritando e parecia que haviam mais do que o normal. E acima de todas as outras palavras podia-se ouvir o seguinte: “Samávia! Samávia!” Desta vez O Rato não correu à porta no primeiro grito. Ele ficou em pé sem se mexer. Por vários segundo todos os três ficaram em pé parados… escutando.
Foi Lázaro que saiu do quarto primeiro e O Rato e Marco o seguiram.
Um dos pensionistas do andar de cima correu para baixo apressado e abriu a porta para comprar jornais e fazer perguntas. Os jornaleiros estavam loucos de empolgação e dançavam ao gritarem. A notícia que gritavam tinha evidentemente um caráter popular.
O pensionista comprou dois jornais e estava dando algumas moedas para um rapaz que estava conversando alto e rapidamente.
― Notícia espetacular! ― ele estava dizendo. ― Um Partido Secreto surgiu e tomou Samávia! Entre a noite e a manhã eles conseguiram! Aquele descendente do Príncipe Perdido apareceu e COROARAM ele. Entre a noite e amanhã, eles fizeram! Colocaram uma coroa na sua cabeça pra não perderem tempo. ― Depois disparou, gritando, ― Descendente do Príncipe Perdido! Descendente do Príncipe Perdido é coroado Rei de Samávia! ― Foi nesta hora que Lázaro, esquecendo completamente até de cerimônia, disparou também. Ele disparou para a sala de estar dos fundos, entrou no quarto, e a bateu a porta atrás dele.
Marco e O Rato acharam a porta fechada quando, tendo conseguindo um jornal, desceram a passagem. Marco parou em frente à porta fechada. Ele não girou a maçaneta. De dentro do quarto vieram sons de grandes soluços convulsivos e palavras samavianas de oração e gratidão.
― Vamos esperar ― Marco disse, tremendo um pouco. ― Ele não vai querer que ninguém veja ele assim. Vamos esperar.
Seus olhos escuros pareciam imensos e ele ficou em pé reto, mas estava tremendo um pouco da cabeça ao pé. O Rato tinha começado a tremer também, como se de febre. Seu rosto mal parecia humano com sua emoção feroz nem um pouco de menino.
― Marco! Marco! ― seu cochicho era mais como um grito. ― Foi para isso que ele foi, PORQUE ELE SABIA!
― Sim ― respondeu Marco com sua voz meio trêmula ― foi para isso que ele foi.
Em pouco tempo os soluços de dentro do quarto se controlaram e pararam de repente. Lázaro tinha se lembrado. Eles tinham adivinhado que ele estava se inclinando na parede durante sua explosão. Agora estava evidente que ele estava em pé reto, provavelmente chocado por ter esquecido de sua frenesi.
Então Marco girou a maçaneta da porta e entrou no quarto. Ele fechou a porta atrás de si e todos os três ficaram em pé juntos.
Quando um Samaviano da espaço para suas emoções, ele é emocional de fato. Parecia que uma tempestade havia passado por Lázaro. Ele reprimia seus soluços, mas lágrimas ainda escorriam na suas bochechas.
― Senhor, ― ele disse roucamente ― perdoe-me! Foi como se uma convulsão tomasse conta de mim. Eu me esqueci de tudo, até mesmo meu dever. Perdão, perdoe-me! ― E então no tapete gasto daquela sala de estar dos fundos ele de fato ajoelhou-se em um joelho e beijou a mão do menino com adoração.
― Não deve pedir perdão ― disse Marco. ― Você tem esperado por tanto tempo, meu bom amigo. Você tem dado sua vida como meu pai tem dado. Você tem experimentado tanto sofrimento que um menino não viveu tempo o suficiente para entender. Seu grande coração… seu coração fiel ― aí sua voz parou e ficou em pé olhando para ele com um apelo que parecia pedi-lo que lembrasse da sua juventude e entendesse o resto. ― Não ajoelhe-se ― ele disse depois. ― Você não deve ajoelhar-se. ― E Lázaro, beijando sua mão novamente, levantou-se.
― Agora podemos OUVIR! ― disse Marco. ― A espera logo acabará.
― Sim, senhor. Agora, receberemos ordens! ― Lázaro respondeu.
O Rato mostrou os jornais e perguntou: ― Podemos ler agora?
― Até segunda ordem, senhor ― disse Lázaro apressadamente e apologeticamente ― até segunda ordem, é ainda melhor que eu leia primeiro.