O Paraíso Reconquistado: a Vida com Jesus!
O homem tentou se tornar um deus e assim perdeu o Paraíso. Agora Deus se tornou um homem e ofereceu o Paraíso de volta. Pela primeira vez no milênio, o homem podia andar com Deus literalmente.
19/12/2007
Imagine de Novo
Imagine caminhar com Deus. Literalmente…
Já é noite na Palestina. O calor da tarde ainda se difunde sobre as montanhas rochosas à sua frente, porém às suas costas uma brisa fria e limpa agita as profundas águas azuis do Mar da Galiléia. O sol, descendo no céu, banha a paisagem de ouro. Logo ele pintará uma obra de arte nas colinas a oeste. Seus sentidos absorvem a beleza. Embora o mar tenha sido o pano de fundo de cada cena de toda a sua vida, você jamais ignorou sua beleza. Ainda assim, o encanto dessa noite de verão não pode explicar a expectativa feliz que surge como uma canção dentro de você. Há outra razão para isso.
Ele está vindo. Jesus!
Ele prometeu que levaria você e o resto de Seus seguidores mais próximos para longe por alguns dias. Ele despediu a multidão, aquela mesclagem da humanidade—os ortodoxos mantenedores de regras, os pecadores notórios, os fanáticos zelotes e os coletores de impostos traidores, os líderes influentes e as viúvas empobrecidas. Eles seguiram seus caminhos, pelo menos por alguns dias. Agora Jesus se reúne a vocês. Você e seus amigos caminharão com Ele alguns quilômetros e acamparão durante a noite. Amanhã pela manhã partirão para o sul, viajando pelas estradas poeirentas em direção a Judéia e Jerusalém.
À medida que se deslocam, Ele mostrará muitas coisas—os pássaros no céu, as flores no campo, uma cidade sobre uma colina—isso tudo enquanto abre sua mente para as maravilhas do Reino de Deus. Você já viu pássaros e flores e cidades, porém jamais pelos olhos de Jesus. Cada momento com seu Amigo é tingido com descoberta e surpresa. Porém, a maior alegria de todas é simplesmente estar com Ele. Você o chama de Mestre, porém Ele o chama de Seu amigo. Só esse fato já dispara seu coração!
Jesus parece, de muitas maneiras, “um dos caras”, como você. No entanto, ao mesmo tempo, para sua constante admiração, Ele também é muito diferente. Suas palavras são simples, porém penetrantes. Ele evita discussões complexas e as minúcias teológicas dos rabis. Mesmo as crianças adoram escutá-Lo. E quando Ele fala, coisas acontecem. O cego vê. O doente é curado. Os demônios tremem e fogem. Algumas vezes, até os mortos se levantam. Aqueles que amam Deus se afastam renovados com alegria e esperança. Os falsos religiosos podem partir se sentindo frustrados ou zangados ou com remorso, mas jamais se afastam inalterados.
Não são apenas as palavras de Jesus que o impressionam—é Ele. Que mistura de simplicidade e profundidade, compaixão e coragem, gentileza e poder. E amor… não esqueça do amor! Não que Ele seja efusivo com a emoção, embora Ele certamente não tenha medo de rir ou chorar. Mas Seus olhos parecem sempre focados nos outros, ao invés de em Si mesmo. Ele se importa de verdade com quem eles são e o que Ele pode dar de verdade a eles.
Ao encontrar Jesus pela primeira vez, você se sentiu culpado por seus pecados e, honestamente, com um pouco de medo Dele. Você teria vergonha de admitir, mas até então sempre havia achado os assuntos religiosos um pouco aborrecidos e entediantes. No entanto, quanta vida havia nesse homem—sem dúvida, ninguém conseguiria explicar a você, mesmo se tentassem. Na primeira vez que experimentou por si mesmo, foi francamente intimidador. Ah, você sabia como ser religioso. Você poderia “fazer uma oração” ou cantar um Salmo na sinagoga. Mas Jesus parecia desafiar a familiaridade confortável e a segurança da religião com um simples olhar. Era como se Ele tivesse retirado um véu e forçado você a confrontar Deus face-a-face. Isso foi aterrorizante no começo! Depois de decidir lidar honestamente com Deus em relação a seus pecados, no entanto, o sentimento de estar com Deus aqui e agora foi absolutamente estimulante!
Desde então você tem literalmente caminhado com Jesus sete dias por semana, junto com um grupo de pessoas que se tornaram mais próximas de você do que… você ia dizer “família”, até se lembrar, de repente, que alguns deles fazem parte de sua família biológica. Mas acho que isso só comprova sua afirmação!
Essa imagem da vida lhe parece boa? Deveria.
Você foi criado para ela.
Deus Conosco
A humanidade falhou completamente. Os homens falharam ao ser seus próprios deuses; falharam ao seguir uma religião perfeita. Talvez pelo menos alguns deles estivessem prontos agora—prontos para regressar a seu lugar apropriado, o lugar que rejeitaram no Jardim do Éden. Talvez pelo menos uns poucos estivessem prontos para cuspir a fruta proibida da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Talvez estivessem prontos para caminhar com Deus novamente. Talvez estivessem prontos até para comer da Árvore da Vida.
Chegou o momento de Deus assinar com a raça humana um novo acordo. A humanidade precisava conhecer as condições desse acordo. Dessa vez, Deus não enviou apenas a palavra por um mensageiro. Nem mesmo trouxe a palavra Ele mesmo. Dessa vez, Ele era a Palavra. Ele invadiu o planeta Terra, assumiu a forma humana e viveu a Palavra na frente de todos nós.
O homem tentou se tornar um deus e assim perdeu o Paraíso. Agora Deus se tornou um homem e ofereceu o Paraíso de volta. Pela primeira vez no milênio, o homem podia andar com Deus literalmente.
Como disse um dos primeiros seguidores de Jesus: “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: ‘A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe chamarão Emanuel’, que significa ‘Deus conosco” (Mateus 1:22-23).
E como outro explicou:
O que era desde e princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam—isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada. Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos. (1 João 1:1-3)
Emanuel, “Deus conosco”, ele andou por nosso planeta por trinta silenciosos anos. Agora ele estava pronto para surgir diante da vista pública por outros três anos.
A religião estava prestes a sofrer um grande choque.
Um Reino Interior
Jesus era muitas coisas—muitas coisas mesmo—mas não era um rebelde. Ele era, é claro, judeu de nascimento, um membro do povo escolhido de Deus e um seguidor da religião perfeita de Deus. Na verdade, Ele era o único que seguiu a religião perfeita de forma perfeita. Por esse motivo, Ele cresceu fazendo peregrinações ao templo em dias sagrados e ouvindo os mestres designados (Lucas 2:41-52).
Quando chegou o momento Dele começar o trabalho para o qual Deus O enviou à terra, Jesus continuou naturalmente visitando as sinagogas locais e o templo de Jerusalém. Afinal, Ele havia sido enviado primeiramente às “ovelhas perdidas de Israel” e lá era onde tais ovelhas em geral se reuniam para escutar sobre as coisas de Deus.
Mas não levou muito tempo até Jesus começar a se complicar cada vez que punha Seus pés em um dos “lugares sagrados” de Israel. Tudo começou quando Ele voltou para Nazaré e foi convidado a falar na sinagoga de lá. A leitura das escrituras, tiradas do livro de Isaías, parecia ir bem. Porém Seus comentários posteriores foram muito ofensivos. Jesus proferiu apenas algumas frases antes que toda a assembléia tentasse assassiná-Lo!
Uma rejeição furiosa—e até coisa pior—também estava nas mentes das mesmas “pessoas muito boas e honradas” que escutaram Jesus pregar em outras sinagogas (Marcos 3:1-6) e no próprio templo (João 7:24-44; João 8). Não demorou muito para as autoridades decidirem de se opor a Ele, qualquer um que reconhecesse a fé em Jesus seria expulso da sinagoga (João 9:22).
Certamente isso foi um grande golpe para Jesus—ser expulso dos “lugares especiais” de Israel, a base de sua religião!
A resposta fascinante é não foi. Tornou-se cada vez mais claro: o que Jesus veio realizar nada tinha a ver com os “lugares especiais” designados!
A vida para Jesus e Seus seguidores acontecia em todos os lugares. Alguns de Seus ensinamentos mais influentes ocorreram nos cenários mais “não-religiosos”: sentado em um barco de pesca (Marcos 4:1); caminhando por uma lavoura de cereal (Marcos 2:23-28); relaxando em uma mesa de jantar (Lucas 7:36-50); descansando em um monte (Mateus 5:1); aguardando à beira de um poço (João 4).
Isso porque o treinamento de Jesus a Seus discípulos baseava-se no relacionamento, não no comparecimento. Quando Ele se encontrou com Seus dois primeiros seguidores, eles Lhe perguntaram: “Rabi, onde estás hospedado?” Como resposta, Jesus ofereceu amizade, não informação: “Venham e verão!” A narrativa nos conta que “foram e viram onde ele estava hospedado e passaram com ele aquele dia” (João 1:35-39).
Jesus enfatizava o relacionamento com todos os Seus discípulos. As verdades de Jesus eram mais assimiladas do que aprendidas. Primeiro, Ele “escolheu doze, designando-os apóstolos, para que estivessem com Ele”. Somente depois disso Ele os enviou para proclamar o novo acordo de Deus e realizar milagres para apoiar a mensagem (Marcos 3:14). O que Deus encorajava os Israelitas a fazer com seus filhos, Ele agora fazia com os Seus. Ele falou com eles sobre os mandamentos de Deus quando se sentavam em casa, quando caminhava ao longo da estrada, quando deitava e quando se levantava (Deuteronômio 6:6).
Jesus tinha uma abordagem admiravelmente diferente para as coisas de Deus, incluindo os “lugares sagrados”, e isso O deixou vulnerável a ataques. Em Seu julgamento, os acusadores de Jesus alegaram que O tinham ouvido dizer “Destruirei este templo feito por mãos humanas e em três dias construirei outro, não feito pelas mãos dos homens” (Marcos 14:58, 15:29). Porém eles não entenderam Sua intenção, é claro. Jesus havia dito algo parecido, mas estava prevendo Sua ressurreição. Ele não estava interessado de verdade em destruir imóveis. Mas Jesus certamente tinha a intenção de mudar para sempre todo o conceito de “templos” e “lugares sagrados”.
Jesus anunciou essas intenções à Samaritana. Ela pediu a Ele para resolver uma discussão religiosa: “Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar”—no templo. A resposta inesperada de Jesus foi: “Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém… está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura” (João 4:20-23).
Em outras palavras, Jesus estava dizendo que daquele ponto em diante a localização geográfica de um adorador não era mais importante. O que importava era a localização espiritual da adoração. Era em espírito e em verdade? A declaração de Jesus trazia implícita a noção de que o lugar sagrado para Seus discípulos—o Jardim onde poderiam se reunir com Deus—estava de algum modo dentro das pessoas ao invés de em uma construção.
Jesus expressou Suas intenções com mais clareza ainda quando falava a alguns líderes religiosos de Israel: “Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem de modo visível, nem se dirá: ‘Aqui está ele’, ou ‘Lá está’; porque o Reino de Deus está entre vocês” (Lucas 17:20-21).
O Reino que Jesus veio estabelecer simplesmente não pode ser localizado geograficamente. Quando é autêntico, ninguém é capaz sequer de indicar um determinado “lugar sagrado” e dizer que o Reino de Deus está localizado lá. Seu Reino se encontra dentro de um povo sagrado. O templo de Deus, Jesus está dizendo, não é mais construído de ouro, prata e pedras. A presença de Deus reside dentro de um templo construído a partir dos seres humanos.
Duas promessas de Jesus adquirem um novo significado sob essa luz: “Onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles” (Mateus 18:20), e “Eu sempre estarei com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:20). Jesus realmente é Emanuel, “Deus conosco”!
Uma Cruz Diária
Repetimos: Jesus era muitas coisas, mas não era um rebelde. Porém Ele também não era um escravo das exigências, expectativas ou ameaças. Ele seguia a programação de Seu Pai—ponto final. A liberdade de Jesus de obedecer ao Pai em nenhum aspecto era mais óbvia do que na Sua atitude em relação ao tempo.
Isso não impediu que as pessoas tentassem controlar o cronograma de Jesus. Duas vezes Jesus respondeu à pressão afirmando, de maneira gentil, porém firme: “A minha hora ainda não chegou”. E outras duas vezes Jesus evitou a captura ou a detenção, fazendo com que o evangelista comentasse “Sua hora ainda não havia chegado” (João 2:4, 7:6, 7:30, 8:20). Estava claro: Jesus iria prosseguir com um passo firme em direção a um objetivo definido e nenhuma manipulação iria desviá-Lo.
A intimidação com certeza também não funcionaria com Jesus. “Alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: ‘Saia e vá embora daqui, pois Herodes quer matá-lo’. Ele respondeu: ‘Vão dizer àquela raposa: Expulsarei demônios e curarei o povo hoje e amanhã, e no terceiro dia estarei pronto.’ (Lucas 13:31-32).
A pressão das expectativas também não iria afetá-Lo. Quando Jesus soube da grave doença de Seu amigo Lázaro e ouviu os apelos urgentes de suas irmãs para que fosse rapidamente, Ele esperou. Foi uma decisão que acarretou a Ele duras críticas (João 11:37). Mas como as prioridades de Jesus exigiam que ele esperasse, foi exatamente o que Ele fez: “Ao ouvir isso, Jesus disse: ‘Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela.’ Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro. No entanto, quando ouviu falar que Lázaro estava doente, ficou mais dois dias onde estava” (João 11:4-77). Somente depois que Lázaro morreu Jesus foi ao seu encontro.
Isso não quer dizer que Jesus era egoísta com relação ao Seu tempo—muito pelo contrário. Em mais de uma ocasião Ele ficou tão ocupado ajudando as pessoas que nem mesmo teve tempo de comer (Marcos 3:20, 6:31). Mesmo quando precisava desesperadamente de descanso, Ele continuou dando (Marcos 6:32-44). Jesus estava simplesmente vivendo Sua vida da forma que Ele nos ensinou a viver as nossas—com prioridades claras, um coração sereno e uma concentração intensa no momento presente (Mateus 6:25-34).
A atitude em relação ao tempo fez com que Jesus entrasse em um grande conflito com as pessoas “boas e morais” de Sua época, em especial as visões tão-religiosas deles sobre o Sabá. Jesus não demonstrou o devido respeito, na opinião deles, pelos hábitos dos dias sagrados, especialmente quando Ele achava que tais tradições conflitavam com as prioridades de Deus para o presente. Isso os enfureceu.
Lemos sobre dois desses episódios que ocorreram consecutivamente:
Naquela ocasião Jesus passou pelas lavouras de cereal no sábado. Seus discípulos estavam com fome e começaram a colher espigas para comê-las. Os fariseus, vendo aquilo, Lhe disseram: “Olha, os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido no sábado”. Ele respondeu: “Vocês não leram o que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam com fome? Ele entrou na casa de Deus e, junto com os seus companheiros, comeu os pães da Presença, o que não lhes era permitido fazer, mas apenas aos sacerdotes. Ou vocês não leram na Lei que, no sábado, os sacerdotes no templo profanam esse dia e, contudo, ficam sem culpa? Eu lhes digo que aqui está o que é maior do que o templo. Se vocês soubessem o que significam estas palavras: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’, não teriam condenado inocentes. Pois o Filho do homem é Senhor do sábado.”
Saindo daquele lugar, dirigiu-se à sinagoga deles, e estava ali um homem com uma das mãos atrofiada. Procurando um motivo para acusar Jesus, eles lhe perguntaram: “É permitido curar no sábado?”
Ele lhes respondeu: “Qual de vocês, se tiver uma ovelha e ela cair num buraco no sábado, não irá pegá-la e tirá-la de lá? Quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é permitido fazer o bem no sábado.”
Então Ele disse ao homem: “Estenda a mão”. Ele a estendeu, e ela foi restaurada, e ficou boa como a outra. Então os fariseus saíram e começaram a conspirar sobre como poderiam matar Jesus (Mateus 12:1-14).
A liberdade que Jesus teve de não ser controlado pela mentalidade do “dia especial” era tão chocante e revolucionária que Ele quase foi morto por causa disso. Na verdade foi um dos motivos pelos quais Ele foi morto.
Da mesma maneira que Jesus viveu Sua vida, Ele esperava que Seus discípulos também vivessem as suas. E este é um ponto fundamental: Em todos os ensinamentos de Jesus registrados nos quatro evangelhos, nem uma vez Ele ordenou que Seus discípulos observassem o sábado como um dia especial. Nem uma vez Ele ordenou que eles observassem qualquer dia da semana como mais sagrado que os demais. Em todos os Seus ensinamentos, Jesus ordenou a Seus discípulos que apenas um dia fosse separado como sagrado. Qual esse dia?
Hoje.
Os seguidores de Jesus deviam olhar o calendário e se ele dissesse “hoje”, deviam celebrá-lo como especial e marcar tal celebração com algumas poucas “práticas” simples.
Eles deviam comemorar cada “hoje” com uma dependência e confiança simples e infantil em seu Pai: “Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia” (Mateus 6:11).
Eles deviam observar cada “hoje” com um foco silencioso e pacífico nas prioridades do momento presente: “Eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria vida… Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mateus 6:25, 33-34).
Eles deviam celebrar cada “hoje” com uma decisão de viver para a satisfação de Jesus ao invés de sua própria: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará” (Lucas 9:23-24).
Para os seguidores de Jesus, cada dia era uma celebração da vida sob o cuidado amoroso de Deus. Cada dia era um “dia especial”!
Um Bando de Irmãos e Irmãs
Primeiro, os “lugares especiais” levaram um golpe, depois, os “dias especiais”. O que dizer, então, das “pessoas especiais”? Jesus não iria se intrometer nesse aspecto da religião, ou iria?
Claro que sim!
Foram necessárias muitas lições e uma quantidade ainda maior de adversidades para que Sua idéia fosse entendida, mas Jesus realmente insistia nisto: nenhum de Seus seguidores devia ser visto como ocupando uma posição de poder. Ninguém devia se elevar acima de seus irmãos.
Para começar, Jesus desafiou todo o conceito deles sobre a autoridade religiosa.
Jesus os chamou e disse: “Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos.” (Mateus 20:25-28)
Tudo que Seus seguidores pensavam que sabiam sobre autoridade estava virtualmente errado! Tudo que tinham aprendido sobre a liderança no mundo dos negócios—ou no mundo religioso—tinha virado de cabeça para baixo. Liderança sempre havia sido vista como exercida de cima para baixo. Ela precisava ser vista como oferecida de baixo para cima. Para os discípulos, serviço devia equivaler a grandeza e escravidão perante outros devida equivaler a liderança. Jesus viveu essa lição. Agora era a vez deles aprenderem.
É por isso que Jesus tomou a medida radical de proibir que Seus seguidores usassem qualquer título religioso. Se essa afirmação não o choca, você provavelmente precisa pensar sobre ela um pouco mais profundamente! Com que freqüência você, pessoalmente, usou um título religioso junto ao nome de alguém para indicar que essa pessoa ocupava uma posição de “pessoa especial” em sua religião? Você já chamou alguém de “Padre Roberto”, “Pastor João”, “Élder Jonas”, “Diácono Silva”, “Reverendo Souza”, ou algo parecido?
Mas vocês não devem ser chamados “rabis”; um só é o Mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. A ninguém na terra chamem “pai”, porque vocês só têm um Pai, aquele que está nos céus. Tampouco vocês devem ser chamados “chefes”, porquanto vocês têm um só Chefe, o Cristo. O maior entre vocês deverá ser servo. Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado. (Mateus 23:8-12)
Jesus encorajava a liderança, porém insistia que seria a liderança daquele que estava entre Seus irmãos e irmãs como alguém que serve (Lucas 22:27). E Ele proibiu qualquer “distinção de castas” que marcasse determinadas pessoas como “especiais”, incluindo os títulos religiosos. A verdade era que toda a autoridade pertencia a Jesus. Embora alguns possam ter o dom da liderança, ainda são “todos irmãos”. Qualquer coisa além disso, advertiu Jesus, seria auto-exaltação.
A “Religião” de Jesus
Após três anos bastante públicos, a vida física de Jesus estavam se aproximando do fim. Logo Ele enfrentaria a humilhação, a tortura e a morte. Era preciso. Era a vontade do Pai. Em um sentido muito real, Jesus havia vindo para oferecer à humanidade um retorno ao Jardim do Éden, uma nova oportunidade de amizade com o Deus Vivo. Era necessário o Seu sangue para “reverter a maldição” da rebelião do homem. Foi preciso a Sua morte para remover o pecado que havia separado de forma tão trágica toda a espécie—incluindo cada membro dela—de seu Criador.
Porém Jesus não foi direto da carpintaria para a cruz. Os três anos intermediários fizeram algo vital. Sem qualquer sinal de rebelião, Jesus conseguiu virar o mundo religioso de cabeça para baixo. Sua vida era a prova: para estar perto de Deus não era preciso ser “religioso” no sentido tradicional. Se você se juntou a Jesus e realmente prestou atenção ao que Ele dizia e fazia, logo percebeu que Ele estava redefinindo a religião em seus aspectos mais profundos.
Para Jesus, e, portanto, para Seus seguidores, o “lugar sagrado” não devia ser procurado em um local geográfico, mas dentro de um povo que pertencesse a Deus. Os “dias especiais” não deviam ser regulados pelo calendário. Ao contrário, cada dia devia ser impregnado de santidade por meio de uma abordagem radicalmente nova da vida. E as “pessoas especiais” não eram identificadas por cargos ou títulos. Ao invés disso, cada fiel era uma nova criação estimada em sua singularidade e milagrosa. Cada discípulo podia oferecer seu amor aos outros fiéis através de atos humildes e cada pessoa era necessária para o funcionamento saudável de todo o grupo.
Desde o dia que Adão e Eva deixaram o Paraíso, a humanidade tinha tentado apaziguar Deus e satisfazer suas próprias consciências por meio da religião. O dom da vida que Jesus ofereceu àqueles que a recebessem ia contra cada instinto da humanidade decaída, incluindo cada tradição religiosa que haviam mantido com tanto apego.
Alguns acharam tudo incompreensível, amedrontador, enfurecedor e completamente perigoso. Eles acabaram gritando “crucifiquem-No” no final.
Mas outros—ah, outros encontraram Jesus e sentiram a brisa do Paraíso soprar através de seus cabelos, acenando a eles com uma nova vida com Deus. E eles entraram, sem sequer um rápido olhar para ver o que haviam deixado para trás.