O que é um Cristão?

2/6/2001

No nascer do novo milênio, conhecidos líderes do mundo Protestante, Evangélico—incluindo Jack Hayford, Tony Evans, Crawford Loritts, Henry Blackaby, Anne Graham Lotz, Kay Arthur e Bill McCartney—produziram um vídeo que foi distribuído a 300.000 organizações religiosas nos Estados Unidos. Foi um claro testemunho do perigoso declínio moral e espiritual da igreja e a necessidade desesperada de um renascimento. Aqui estão algumas citações do vídeo[1]:

•“Estados Unidos é um reflexo das condições das pessoas de Deus, as igrejas.”

•“Em uma pesquisa recente, de 66 categorias de estilos de vida, os Cristãos não são notadamente diferentes de não-Cristãos em QUAISQUER das 66 categorias.”

•“Os Cristãos não têm uma voz moral de confiança nesta nação.”

•“Deus olha em nossas igrejas e vê tantos divórcios nas pessoas de Deus quanto vê no mundo. Deus olha em nossas igrejas e vê tantos abortos nas pessoas de Deus quanto vê no mundo. Deus olha em nossas igrejas e vê tantos jogos de azar nas pessoas de Deus quanto vê no mundo. E as pesquisas dizem que mal se percebe diferenças entre as igrejas e as pessoas do mundo.”

•“Pela primeira vez na história, aqui no mundo ocidental, o índice de divórcio na igreja é maior…MAIOR…do que entre os que não frequentam a igreja.”

•“80% dos jovens criados na igreja, fielmente frequentando a igreja…80% deles já tinham deixado a igreja quando saíram de casa.”

•“Nós substituímos orações por programas, a liderança do Espírito por atividades agendadas e a obediência pela ortodoxia e pastores por presidentes.”

•“Estamos numa encruzilhada e temos que fazer sérias mudanças nas igrejas. Estamos no momento crítico de julgamento ou reavivamento. Temos que decidir se vamos obedecer.”

•“Estamos em um momento decisivo. Deus tem que fazer algo novo em Sua Igreja.”

•“Nós envolvemos nossas vidas de tal forma nas questões do mundo e fizemos do Cristianismo um espetáculo.”

Claramente, os problemas são tão maciços que exigirão mudanças igualmente maciças. Nós, que cremos em Jesus, temos que estar dispostos a dar uma nova examinada em questões fundamentais à luz da Palavra de Deus, com oração e jejum, para determinar o que está errado e o que precisamos fazer para mudar.

Essas ideias têm a intenção de iniciar o reexame de uma questão claramente fundamental: O que é um Cristão? O que esse termo significa, Biblicamente? Se eles não tiverem uma compreensão clara da perspectiva de Deus, as pessoas de Deus permanecerão misturadas com o mundo, sem um padrão claro para discernir a diferença e sem como ajudar aqueles que mantêm uma falsa sensação de segurança. Podemos examinar juntos esta questão, da forma mais corajosa e humilde que pudermos, com Deus como nosso auxiliador? Vamos examinar, na Palavra de Deus, o que não é e o que é um Cristão.

O que não é um Cristão

Nascer em um país “Cristão” não assegura que uma pessoa seja Cristã.

Um argumento óbvio? Talvez. Mas mesmo nos dias de hoje, em que o respeito pela diversidade é tido como a mais alta virtude, muitas pessoas tendem a associar certa nação com uma religião em particular. Os Estados Unidos, diriam muitos, é uma nação “Cristã”. E assim também a Inglaterra, Alemanha e Austrália. A Índia, por outro lado, é uma nação Hindu, enquanto a Arábia Saudita é Muçulmana e a Tailândia é Budista. Desse ponto de vista, um cidadão adquire a religião de seu país quase por omissão, como uma espécie de herança cultural. “Cristão? Bem, eu nasci nos Estados Unidos—então acho que sou.” Aparentemente esse tipo de presunção explica os resultados de pesquisas de opinião onde 81% dos americanos se identificam como Cristãos[2].

Mas ouçam o que diz o apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo: “De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós.” (Atos 17:26-27) De acordo com Deus, o fato de que você nasceu em determinada época ou local nada mais faz do que lhe dar a oportunidade de encontrá-Lo. Você ainda tem a responsabilidade de “procurar e encontrá-Lo.” O local de nascimento ou cidadania, por si só, não significa nada. Ter nascido em um país dito “Cristão” não assegura que um homem ou mulher seja Cristão ou Cristã.

Ter nascido de pais Cristãos não significa que uma pessoa seja Cristã.

Muitas pessoas consideram sua religião como uma espécie de tradição familiar. “Claro que sou Cristão. Meus pais são Cristãos. Eles nos levavam aos cultos, nos batizaram e nos liam histórias da Bíblia. Sim, sou Cristão. Já tenho muita certeza.”

Mas esse tipo de pensamento revela um grave mal-entendido. Deus diz que as circunstâncias do nascimento de uma pessoa não têm nada a ver com o fato de ela ser Cristã ou não! Ouçam ao próprio Jesus: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito.” (João 3:5-6) De acordo com Jesus, a única vida que os pais são capazes de passar para os filhos diretamente é a vida natural e humana. Os filhos não podem herdar de seus pais um relacionamento com Deus. Cada um de nós tem que receber Dele uma fé e uma vida que são radicalmente novas—e 100% nossas.

João escreveu: “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus.” São nascidos de novo! Isso não é que nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus.” (João 1:12-13) As decisões dos pais obviamente têm muito a ver com as circunstâncias de nosso nascimento natural—mas não com renascimento espiritual. Meus pais podiam ser crentes fervorosos, cheios da vida eterna que vem de Deus, mas isso não garantiria nada para mim. Alguém poderia herdar a cor da pele do pai e os olhos da mãe—mas o Cristianismo não é transmitido nos genes. Um filho pode mesmo adquirir a aptidão de seu pai para matemática e a paixão de sua mãe por baseball—mas ser Cristão não é assim. Não é absorvido por osmose! Os genes e a cultura advinda de seu nascimento natural tem algo a ver com a produção do ser físico. Mas somente um segundo nascimento tem qualquer chance de produzir um ser espiritual. Ter pais maravilhosos e crentes não significa que você seja Cristão, assim como ter pais pagãos não garante que você será sempre um pagão—graças a Deus!

Pertencer a uma congregação e comparecer regularmente aos cultos não garante que uma pessoa seja Cristã.

Alguns presumem que “um membro fiel da igreja”—alguém que sempre vai aos cultos, apoia os programas e sempre contribui para a coleta—deve com certeza ser um Cristão. Infelizmente, muitos podem testemunhar que sua experiência prova o contrário.

Um de meus amigos é um exemplo. Como marido de uma nova convertida, ele frequentava os cultos e grupos de estudo da Bíblia várias vezes por semana. Logo, ele publicamente confessou Cristo como Senhor e foi batizado. Ele participava dos grupos masculinos de discipulado com homens a quem “prestava contas”. Um bem sucedido homem de negócios, ele era um dos principais colaboradores financeiros da congregação. Mas ele nem mesmo era salvo. Mais tarde ele me contou que, no momento em que foi batizado, ele tinha 95% de certeza de que Deus nem mesmo existia! Mas para agradar sua esposa (ele pensava) e para juntar-se à turma em voga no seu novo círculo de amizades—e porque talvez tudo isso seja verdade—ele “mergulhou de cabeça”. Por alguns anos ele foi considerado um “membro fiel”, mas no seu coração ele sabia que ele não cria. Finalmente ele cansou da hipocrisia. Ele criou coragem para bater na porta de alguém e confessar: “Eu não conheço Deus.” Ele começou a abrir seu coração—e o fruto disso é algo pelo qual ele será eternamente grato.

Mas aqui está uma pergunta instigante: Quantos mais devem existir por aí como o meu amigo, sentados em bancos de igreja, trabalhando em comitês ou até mesmo ascendendo a postos de liderança, que realmente não acreditam no evangelho de Jesus no fundo de seus corações e que não realmente têm o verdadeiro Espírito Eterno, na pessoa de Jesus Cristo “atuando poderosamente” neles, que não estejam apenas fingindo ser um cristão? Uma pesquisa recente fornece uma pista perturbadora. A grande maioria daqueles que se identifica como “Cristãos” nos Estados Unidos nem mesmo alegam estar espiritualmente renascidos. E em qualquer domingo, 41% das pessoas que realmente frequentam os cultos com regularidade e sentam nos bancos de igreja não professam ser renascidas. A pesquisa acrescenta: “A maioria dessas pessoas vem frequentando igrejas Cristãs durante anos sem realmente entender os fundamentos da fé Cristã e suas implicações pessoais.”[3] E você pensa—quantos desses 41% pensam que estão bem em razão de sua frequência regular? Você também tem que se perguntar—quantos dos demais 59% sequer sabem o que realmente significa a expressão “nascer de novo”?

Keith Green costumava dizer, uma coisa é certa: “Ir à igreja não o torna Cristão assim como ir ao McDonalds não o torna um hambúrguer!” E ficar arrepiado durante a “adoração” não significa que uma pessoa esteja vivendo no poder do Espírito Santo! Não devemos usar padrões de frequência ou afiliações religiosas como indicador de que uma pessoa é verdadeiramente Cristã.

A crença de que Deus existe e que Jesus é Seu Filho não assegura que uma pessoa é Cristã.

À primeira vista esse argumento pode parecer não tão óbvio. Mas considere por um momento se uma pessoa é automaticamente Cristã se estiver totalmente convencida de que (1) o Deus da Bíblia existe e (2) Jesus de Nazaré é Seu Filho, o Santo do Céu. A resposta, Biblicamente, é um claro não.

Os próprios demônios possuem uma crença inequívoca de que Deus existe. “Você crê que existe um só Deus? Muito bem! Até mesmo os demônios crêem—e tremem!” (Tiago 2:19) E a primeira pessoa a reconhecer em voz alta que Jesus era o Santo enviado por Deus não foi Pedro—foi um demônio. (Marcos 1:23-26)

O que é possível para um demônio é possível também para um ser humano—mesmo um religioso. (Esse, afinal, era o argumento de Tiago na carta que acabamos de citar!) Quando a Bíblia fala de uma fé salvadora, isso não significa aceitação intelectual—ou uma profunda convicção—dos fatos básicos de que Deus é nosso Criador ou de que Jesus morreu na cruz para salvar as pessoas de seus pecados. Enquanto todos os Cristãos acreditam nesses fatos, nem todos os que acreditam nesses fatos são Cristãos. Basta perguntar aos demônios—não há ateus no inferno.

Chamar a Jesus de “Senhor” e realizar sinais e maravilhas em Seu Nome não demonstra que alguém é Cristão.

Atualmente, sinais e maravilhas são muitas vezes aceitos como prova infalível de que Deus está realmente entre nós. Aqueles que conseguem realizá-los (ou parecer realizá-los no estágio religioso) não são apenas presumidos Cristãos, mas vistos como altamente espirituais, na “linha da frente” de Deus.

Jesus não vê as coisas dessa forma. Sinais e maravilhas podem ser uma confirmação da proclamação da Palavra de Deus. (Marcos 16:15-18; 2 Coríntios 12:12; Hebreus 2:1-4) No entanto, eles podem igualmente servir para confirmar um falso evangelho. Nos últimos dias, falsos sinais e maravilhas irão ocorrer de forma que pareçam ser tão válidos, tão precisos, que até mesmo os eleitos de Deus podem ser enganados—mas esses milagres virão de falsos messias e profetas. (Mateus 24:24) O próprio anticristo e seus asseclas realizam sinais e maravilhas. (2 Tessalonicenses 2:9-20; Apocalipse 13:3,11-15) Um verdadeiro profeta não é reconhecido por seus milagres, mas pelo fruto de sua vida. (Mateus 7:15-20)

Vamos permitir que o impacto total dessas verdades nos atinja. Elas têm um efeito poderoso nessa questão toda de quem é Cristão. O Próprio Jesus disse: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal.’” (Mateus 7:21-23)

Jesus não estava se referindo ao anticristo, ou mesmo a lobos em pele de cordeiro, já que esses não terão surpresas no último dia. Eles são falsificações vivendo em função de poder e estão cientes disso. As pessoas a quem Ele se referia realmente pensam que são Cristãs. Não é tanto que estão tentando enganar outras quanto estão enganando a si mesmas—e convencendo os ingênuos com sua sinceridade. Jesus mostra essas pessoas sendo chocadas no último dia. Elas chamam a Jesus de “Senhor” no seu discurso. E elas “mostram serviço”. O que elas preveem que vai acontecer às vezes acontece mesmo. As pessoas possuídas ou obcecadas pelo demônio podem ser libertas ao seu falar. Algumas pessoas às vezes são curadas, enxergam-se visões e dão-se conselhos. E tudo em nome de Jesus. Mas o Próprio Jesus não as conhece. Não importa o que elas pensem, elas não são Cristãs. E, no entanto, Deus “deu a cada um de nós uma saída” e continuará a convidar a qualquer um com um “coração bom e honesto” para o Real Milagre da Transformação. Teremos interesse e humildade suficientes para buscar isso por nós mesmos? Existe realmente uma verdadeira, sobrenatural e milagrosa invasão do Céu preenchendo nossas vidas? Ou somos produto de cultura, sentimento e uma boa consciência?

Uma avaliação honesta

Juntando tudo, então: uma pessoa pode nascer em um país “Cristão”, de pais Cristãos, acreditar de todo o coração que Deus existe e que Jesus é Seu Filho, ter grande envolvimento no trabalho e no culto de adoração de uma congregação local e profetizar e executar sinais e maravilhas em nome do Senhor Jesus—e não ser Cristão. Um Cristão poderia fazer todas essas coisas, mas um não-Cristão também pode, se a Bíblia for o nosso padrão para decidir essas coisas. Essas questões de pedigree, profissão e desempenho são irrelevantes para discernir o estado da relação de alguém com Deus. Simplesmente a questão não é essa. O que é um Cristão precisa ser definido de outra maneira.

O que é um Cristão

Ao definir o que é um Cristão, não estamos tentando responder à pergunta de como ser salvo. Estamos tentando dizer como podemos reconhecer quem é uma pessoa salva. Em outras palavras, não estamos tentando dizer como nascer de novo, mas sim esperando aprender das Escrituras como diferenciar uma pessoa viva daquela que ainda está morta em seus pecados.

Uma descrição completa do que seja um Cristão está além do que estamos tentando atingir aqui. Também não estamos tentando delinear o crescimento de um Cristão de um estágio de infância espiritual para o estágio que é “conforme a imagem do Filho de Deus.” (Romanos 8:29) Estamos apenas tentando definir do ponto de vista das Escrituras a palavra “Cristão”, para que possamos despojá-la de bagagem cultural e história e usá-la como Deus usa. Assim, espera-se, conseguiremos ver o nosso próprio ambiente espiritual com mais clareza, através dos olhos dEle.

Parte do problema é que a palavra “Cristão” é usada somente três vezes em toda a Bíblia![4] Duas dessas ocorrências são importantes, sem dúvida, mas não ajudam muito na definição. Quando Paulo fez sua defesa diante do Rei Agripa, o Rei perguntou: “Você acha que assim, em pouco tempo, pode me persuadir a me tornar cristão?” Paulo respondeu: “Assim Deus permitisse que, em pouco ou muito tempo, não apenas o senhor, ó rei, porém todos os que hoje me ouvem se tornassem como eu sou—só que sem estas correntes.” (Atos 26:28-29) Essa passagem não nos diz exatamente o que é um Cristão, mas com certeza que Paulo era um deles! Então, na carta de Pedro às igrejas na Ásia menor, ele escreveu: “Contudo, se sofre como Cristão, não se envergonhe, mas glorifique a Deus por meio desse nome.” (1 Pedro 4:16) Historicamente, parece que o nome “Cristão” surgiu como um termo depreciativo que o mundo hostil atribuiu aos crentes. Pedro nos desafia a suportar a perseguição e o insulto com dignidade e coragem. Ainda assim, Pedro não nos ajuda muito na definição de quem é um Cristão.

No entanto, o outro uso da palavra “Cristão” na Bíblia é bastante esclarecedor. Em Atos 11, vemos como teve origem a igreja em Antioquia. O escritor, Lucas, insere este comentário: “Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos.” Portanto, um Cristão é um discípulo. As palavras “Cristão” e “discípulo” são sinônimas—elas significam exatamente a mesma coisa. O termo “Cristão”, aparentemente, foi inventado por descrentes de Antioquia como um rótulo para os discípulos. Essa passagem contradiz uma crença popular em muitos círculos religiosos de que um “discípulo” é um nível mais alto do crescimento Cristão, uma versão de Cristão mais comprometida. De acordo com a Palavra de Deus, a única pessoa que pode ser corretamente chamada de Cristã é um discípulo. E se a Palavra de Deus contradiz nossas suposições, você não acha que nós é que precisamos mudar?

Então vamos entrar em acordo…vamos usar a palavra “Cristão” da forma que Deus usa—mesmo que isso vire o nosso mundo do avesso! Olhando na definição escritural da palavra “discípulo”, estaremos ao mesmo tempo definindo o termo “Cristão”. E isso torna as coisas mais fáceis, já que o Novo Testamento usa o termo “discípulo” quase 300 vezes!

Um Cristão é um discípulo de Jesus

Se quisermos ver um discípulo em ação, basta olhar os evangelhos. Lemos a respeito de homens e mulheres que desejam arriscar carreiras, relacionamentos familiares e situação social se ao menos puderem seguir Jesus. Juntos, eles sentam com Ele na montanha ou caminham com Ele no mercado, atentos a cada uma de Suas palavras, escutando com uma obstinada determinação de obedecê-Lo, não importa o custo. Vejam como obedecem Jesus como seu Mestre Vivo e Professor! Vejam como caem de cara no chão e sempre levantam de novo porque estão determinados a ser os “construtores sábios” que colocam em prática as palavras de Jesus. Vejam como buscam o Reino de Deus e Sua Justiça como sua principal busca e objetivo na vida, não importa qual seja a atividade atual. Eles comparecem a casamentos e banquetes. Compram comida. Selam jumentos. Eles caminham juntos através de campos, juntando grãos e comendo-os enquanto ouvem. Eles são decididamente não-religiosos. Mas estão sempre marcados por seu sólido e determinado desejo de estar com Jesus e uns com os outros de forma que juntos possam aprender a obedecê-Lo. Isso é um discípulo. E, portanto, isso é um Cristão. As frases acima não são uma reconstrução bonita e romântica do discipulado. São o padrão que o Próprio Jesus estipulou. E é Ele quem decide, certo?

Cada profecia do Velho Testamento e da Nova Aliança e cada ensinamento de Jesus confirma que “obedecer a Seus comandos e decretos” é a marca do Seu Espírito dentro de alguém, evidenciando conversão e regeneração. Alguém com esse estilo de vida, com essas prioridades, esse hábito de escutar e obedecer em um nível intensamente prático, é um Cristão. Pessoas que não estejam vivendo dessa forma não são Cristãs, pela definição de Deus.

Vamos só olhar mais algumas vezes onde Deus estabeleceu a definição básica de quem é um discípulo. Novamente, não estamos vendo como ser salvos. Estamos vendo como identificar se uma pessoa realmente entrou em um relacionamento de obediência, obsessão, amor profundo, habitação e, por conseguinte um relacionamento salvador com Jesus Cristo.

E Jesus, então, disse aos seus discípulos: “Se alguém quiser vir comigo, tem que negar a si mesmo, pegar a sua cruz e me seguir. Digo isto pois todo aquele que quiser salvar a sua vida, irá perdê-la; e todo aquele que perder a sua vida por minha causa, irá salvá-la. O que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria vida? Ou, o que uma pessoa pode dar em troca de sua própria alma?” (Mateus 16.24-26)

A frase: “Se alguém quiser vir comigo” significa que essa é uma exigência universal—sem exceções. Todos os potencias discípulos de Jesus devem decidir que vão:

negar a si mesmos—não mais viver para agradar a si mesmos;

pegar a sua cruz—enfrentar perda pessoal, seja por oposição ou desapontamento, dor ou simplesmente dizer não a si mesmos; e

Me seguir—conformar-se à vida e aos ensinamentos de Jesus na vida prática diária.

Não precisa de muita explicação, não é mesmo? Jesus foi muito claro. Mas o que deve ser enfatizado é que a descrição precisa descrever de verdade essa pessoa ou ele/ela não é um discípulo de Jesus e, portanto, não é um Cristão. E Jesus foi muito consistente em Seu ensinamento. Ouça as Suas Palavras de novo:

Uma grande multidão ia acompanhando Jesus; este, voltando-se para ela, disse: “Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não Me segue não pode ser Meu discípulo…Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser Meu discípulo.” (Lucas 14:25-27,33)

Três vezes Jesus disse: “Se alguém não ________ não pode ser Meu discípulo”. Ele preencheu o espaço com três descrições absolutas, obrigatórias e 100% precisas de um discípulo. Todos os discípulos colocam Jesus acima dos desejos e demandas da família e de si mesmos. Todos os discípulos escolhem morrer para os seus próprios direitos. E todos os discípulos entregam tudo o que possuem, cada recurso—seja tempo, relacionamentos, preferências, dinheiro, posses ou objetivos—a Jesus. Ele é Quem dita as regras. Qualquer um que tente apenas acrescentar Jesus à vida que já tem, enquanto mantém a última palavra sobre ela, não é um discípulo e, por conseguinte, não é um Cristão. Claro que há questões de maturidade ao andar nessas coisas, mas não é uma escolha de cada vez se “consigo ou não” para um verdadeiro Cristão. Eles podem precisar de ajuda dos outros para ver e ajudar a andar nessas áreas—mas a decisão já é resoluta. Cristãos legítimos, “não seus próprios, mas comprados por um alto preço”, já decidiram abandonar tudo. Não é uma nova decisão cada vez.

Será que Jesus está ensinando a salvação por trabalho e esforço humano aqui? De modo algum! Os discípulos foram salvos pela fé Nele, ponto final. Mas salvos de quê? Do pecado, de si mesmos e do “estilo de vida inútil que receberam dos seus antepassados”. (1 Pedro 1:18) As pessoas que são libertadas dessa morte serão reconhecidas pela diferença em suas vidas, se de fato são salvas. E salvas pelo quê? Pela providência (graça) de Deus através de sua absoluta crença em Jesus (fé). As pessoas que creem em Jesus vão fazer o que Ele diz. Quando elas falharem, se arrependerão e voltarão a crer Nele. “Se você (realmente) Me ama, você vai Me obedecer.”

Resumindo, os termos “Cristão” e “discípulo” são duas formas de dizer a mesma coisa. Uma pessoa genuinamente salva, um Cristão autêntico, terá as características de um discípulo que Jesus ensinou e Seus primeiros seguidores viveram.

E agora?

Talvez as coisas escritas até aqui foram óbvias para você. Possivelmente você poderia as explanar (até melhor, sem dúvida!). Ou talvez essas coisas pareçam estranhas ou perplexas e você não tem certeza se concorda. Seja lá qual for, pedimos—em prol de Jesus e Seu Reino—que você faça essas quatro coisas:

1. Converse com Jesus sobre o que você leu aqui. Precisamos ser verticais com as coisas—levamos a ELE. Com oração e jejum, por favor, implore a Deus por sabedoria sobre essas questões e o que fazer a respeito delas. (Tiago 1:5) Pela misericórdia que Ele tem de nós, apresente sua vida, pensamentos e opiniões no altar para que o caminho seja claro para discernir a vontade Dele. (Romanos 12:1-2) Por favor, vá às escrituras a que fizemos referência para ver se os ensinamentos aqui são verdadeiros (Atos 17:11), mas, por favor, não se “apoie” em seu próprio entendimento e experiência humana. (Provérbios 3:5-6) Embora, como escritores desses pensamentos, nós assumamos a responsabilidade pelo conteúdo e teremos prazer em discuti-los com você, não estamos pedindo que responda em primeiro lugar a nós. Jesus é nosso Mestre e Professor.

2. De início, vamos aplicar isso em nossas vidas. Os ensinamentos da Palavra de Deus são ferramentas poderosas para mudar vidas (2 Timóteo 3:16), mas essas mudanças precisam começar na nossa própria vida! Esses pensamentos não são “munição” para que alguém descontente e ressentido possa atacar o outro. Eles servem para nos proporcionar uma forma de sondar nossos próprios corações. Nossas próprias mentes e vidas devem ser colocadas em conformidade com Deus se quisermos ter algo a oferecer às pessoas ao nosso redor. Precisamos de arrependimento pessoal, não uma série de novos programas e “ministérios” que alcancem os elementos externos mas não mudem o coração. Precisamos de Comunhão transformadora com o Deus Vivo!

3. Vamos considerar com honestidade os membros de nossa família, amigos e a pessoa ao nosso lado no banco da igreja (ou ao lado no sofá, para aqueles que se reúnem em casa). Depois de lidar com nossos próprios problemas, nós realmente devemos ter o propósito de ajudar também aos outros. De acordo com Jesus isso não é considerado “julgar”. (Mateus 7:5) Ele nos ordena a sermos “embaixadores, como se Deus estivesse fazendo o Seu apelo através de nós”, “como os próprios oráculos de Deus”. O único verdadeiro ato de amor a fazer é ver as outras pessoas da forma que Deus as vê, e tentar ajudá-las com um coração redentor. Sentimentalismo, tradições familiares e zonas de conforto pessoal devem ser pregados à cruz de Jesus se queremos ter esperanças de viver de uma forma digna Dele. (Mateus 10:37-38) Sermões e estudos sobre o tópico do discipulado não conseguirão nem uma fração do bem que pode ser feito pegando no ombro de um parente ou conhecido e dizendo: “Podemos ler essas passagens juntos e realmente viver isso?” Se for haver qualquer mudança real na situação descrita pelos líderes religiosos citados no começo desses pensamentos, tem que ser levado ao nível pessoal e intensamente praticado, até mesmo de maneira intrusiva. É a maneira da Bíblia. (Hebreus 3:13)

4. Vamos combinar que iremos manter este padrão. Se estas páginas refletirem o que é dito nas passagens Bíblicas que citamos, então vamos juntos combinar de manter esse padrão, independente do que os outros possam dizer, ou quão “desanimadoras” as coisas pareçam, ou se tivermos ou não todas as respostas. Vamos entrar em acordo com Jesus de que nunca permitiremos as circunstâncias, falhas ou até medo dos homens nos convencer a sermos desleais à Palavra Dele. Em vez disso, aproveitemos cada oportunidade para aumentar o Seu Padrão de forma que outros possam ter uma chance de ouvir a Sua Palavra e obedecer—e experimentar o poder transformador da Sua graça e Vida Espiritual jorrando de dentro para fora.

Quando andavam pelo caminho, um homem Lhe disse: “Eu te seguirei por onde quer que fores.” Jesus respondeu: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça.” A outro disse: “Siga-me!” Mas o homem respondeu: “Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai.” Jesus lhe disse: “Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus.” Ainda outro disse: “Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e despedir-me da minha família.” Jesus respondeu: “Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus.” (Lucas 9:57-62)

Vamos cada um, pessoalmente, reconhecer a Justiça do que Jesus Cristo disse aqui, clamar ao Libertador Ressurreto pela Sua Vida, Misericórdia e Graça nessa vida Obsessa a que Ele nos convida, e esperar confiantemente que o Seu Espírito Santo nos sature e dê poder à medida que nos aproximamos de Sua Plena Suficiência largando nossa pobreza. Ele deseja PROFUNDAMENTE isso para mim e para você—a Realidade de “assim na terra como está no Céu”. Que seja a descrição de cada um individualmente e a cada Igreja verdadeira!

-dz

[1] Citadas em True Hope for a New Millennium

[2] The Gallup Organization, Princeton, NJ

[3] “State of The Church Report”, Barna Research Group, conforme relatado em Maranatha Newswatch, nº 184, 12 de março de 2001

[4] Obs: Naturalmente a Tradução Nova Vida e algumas outras versões utilizam a palavra “Cristão” dúzias de vezes, mas eles decidiram usá-la em substituição ao que está realmente no texto. A palavra “irmãos” foi frequentemente traduzida como “amigos Cristãos”, por exemplo. Podemos gostar de ler a versão Nova Vida, mas tenhamos em mente que os tradutores muitas vezes substituíram a terminologia bíblica por um linguajar moderno. Se você consultar uma tradução grega interlinear—ou outra tradução, tipo João Ferreira de Almeida revista e atualizada—descobrirá que a palavra Cristão aparece apenas três vezes. Não precisa confiar na nossa palavra—confira!) : ) : )

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