IMAGINE QUE NÃO HÁ RELIGIÕES
Ele é o fato central de sua existência. Você não poderia, muito literalmente, viver sem Ele. E tentar isso nunca nem mesmo passou pela sua mente. Sua vida já é rica de significado e repleta de aventura. Não é de admirar que você esteja tão ansioso ao esperar por Ele agora!
19/12/2007
Imagine que Não há Religiões
Imagine caminhar com Deus. Literalmente…
Já é noite no mundo de seu jardim. O calor da tarde se prolonga na campina à sua frente, porém às suas costas uma brisa fria e refrescante agita o bosque escuro. O sol, descendo no céu, inunda a paisagem de ouro. Logo ele pintará uma obra de arte nas colinas a oeste. Seus sentidos captam a beleza e seu coração a aprecia, embora tais maravilhas não possam explicar a expectativa feliz que surge como uma canção em sua alma. Há outra razão para isso.
Ele está vindo. Em breve!
A Pessoa que o criou prometeu que o encontraria aqui. Muitas vezes Ele vem ao entardecer, pois sabe que é seu momento favorito para caminhar. Enquanto caminham juntos, Ele mostra a você muitas coisas—desfiladeiros, montanhas, oceanos, campos e todas as criaturas que chamam essas regiões selvagens de lar. Cada momento com seu Amigo é tingido com descoberta e surpresa. Mas a maior maravilha de todas é sempre e apenas Ele. Ele é mais profundo do que qualquer desfiladeiro, maior do que qualquer montanha, mais vigoroso do que qualquer oceano, mais gentil e convidativo do que qualquer prado e também mais selvagem do que qualquer uma de Suas criaturas. Ele é sua alegria, e você é a Dele. Você chama Ele de Pai e Ele o chama de Sua criança.
Ele não é como você. E mesmo assim—surpreendentemente—você é um pouco como Ele. Ele lhe fala com freqüência sobre seu papel nesse Paraíso. Você e a pessoa que Ele colocou para o acompanhar devem nutri-lo e governá-lo como Seus representantes. É uma responsabilidade tremenda, porém você não tem medo, pois Ele sempre estará presente para ensiná-lo e orientá-lo. Você depende completamente Dele, mas está contente. Ele é tudo que você precisa.
Jamais ocorreu a você sentir medo ou culpa sobre seu encontro com Ele. Você com certeza jamais achou que Ele é tolo ou entediante! Você nunca se sentiu “religioso”. Na verdade, é de se duvidar que alguém consiga explicar realmente o conceito de religião para você, mesmo se tentar.
Você jamais “fez uma oração” e muito menos “entoou cânticos”, embora fale com Ele com freqüência.
Você nunca organizou um coral, embora muitas vezes cante para Ele—como Ele também muitas vezes canta para você.
Você jamais fez um discurso sobre Ele, apesar de muitas vezes falar com carinho Dele para o ajudante que Ele fez para você e mesmo para as bestas do campo quando você as encontra.
Ele é o fato central de sua existência. Você não poderia, muito literalmente, viver sem Ele. E tentar isso nunca nem mesmo passou pela sua mente. Sua vida já é rica de significado e repleta de aventura. Não é de admirar que você esteja tão ansioso ao esperar por Ele agora!
Essa imagem da vida lhe parece boa? Deveria.
Você foi criado para ela.
Anatomia da Queda
Todos sabemos como a tragédia aconteceu: Adão e Eva pecaram e perderam o Paraíso. Em seu lugar eles receberam—de certo modo, criaram—um mundo caído amaldiçoado com trabalho duro, parto em dor, relacionamentos difíceis e, no final, a morte. Você pode ter sido criado para o Paraíso, mas certamente não nasceu nele. A razão é o pecado.
Mas, afinal, por que Adão e Eva pecaram? Como puderam ser tão tolos? Tudo para eles era tão bom—perfeito, na verdade. Como a serpente pôde enganá-los? A resposta para essa questão se resume na triste história de nossa espécie caída.
Vamos ler a narrativa. Você já a ouviu muitas vezes, sem dúvida, mas alguma vez notou a estratégia da serpente?
Ela disse para a mulher: “Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’?”
Respondeu a mulher à serpente: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim, mas Deus disse: ‘Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’”.
“Certamente não morrerão”, disse a serpente à mulher. “Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal.”
Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também. (Gênesis 3:2-6)
Qual foi, então, a isca no anzol da serpente? A perspectiva de uma existência independente sem uma necessidade constante de Deus. “Deus está privando vocês. Ele sabe que seus olhos se abrirão se vocês buscarem o conhecimento do bem e do mal. Vocês não precisarão Dele para dizer o que fazer. Serão sábios o suficiente para decidir as coisas por si mesmos. De fato, poderão ser seus próprios deuses!”
A independência foi a isca intoxicante. Infelizmente, a independência é exatamente o que a humanidade tirou do negócio. E com certeza não foi um bom negócio! Após algumas décadas sozinhos e decidindo por si mesmos o que era bom, os primeiros pais humanos haviam criado um assassino. Em alguns séculos, fome, guerra, crueldade, ódio, engano e exploração entraram em cena—tudo que a humanidade tem tentado duramente e sem sucesso eliminar de suas civilizações à medida que os milênios passam.
A independência não devia ter se mostrado desse jeito, pelo menos de acordo com a serpente. De algum modo, quando ela a mencionou, pareceu excitante. Inteligente. Importante. Sofisticada. Mas “esqueceu” de mencionar um fato crucial: a independência sempre significa separação. E a separação de Deus não é excitante nem inteligente.
Desde a primeira tentação, nossa espécie tem ansiado pela independência de Deus e tem pago o preço da separação Dele para tê-la. Ainda gostamos da aparência do fruto proibido, apesar do coração partido que ele nos trouxe. Como os sujeitos na parábola de Jesus sobre as dez minas (talentos), consideramos o prospecto de nos submeter a Deus e gritamos: “Não queremos que esse homem seja nosso rei” (Lucas 19:14). A maioria dos humanos, parece, quer um deus, mas quer um que se satisfaça com poucas práticas religiosas e depois os deixe sozinhos para que possam levar suas próprias vidas de sua própria maneira.
A Humanidade se Escondendo
Como Adão e Eva reagiram depois de comer o fruto? Vamos novamente ler a narrativa como se a tinta ainda estivesse fresca na página:
Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se. Ouvindo o homem e sua mulher os passos do SENHOR Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus entre as árvores do jardim. Mas o SENHOR Deus chamou o homem, perguntando: “Onde está você?”
E ele respondeu: “Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi”. (Gênesis 3:7-11)
A primeira reação de Adão e Eva depois do pecado foi se esconder de Deus. O pecado deu a eles novos instintos, como autoconsciência, autopreservação e o medo da punição. Subitamente eles se sentiram muito separados de Deus. Então se esconderam—e a humanidade tem se escondido desde então.
O homem e a mulher caídos sabiam, é claro, que se esconder de Deus em qualquer sentido físico era impossível, então rastejaram para fora da floresta e O encararam quando Ele chamou. Porém continuaram se escondendo. A diferença era que agora, ao invés de se refugiar atrás dos troncos das árvores mais grossas que podiam encontrar, eles se escondiam atrás de uma floresta de desculpas, troca de acusações e meias-verdades.
No final, Deus não tinha outra escolha senão cumprir Sua palavra e dar aos primeiros humanos a independência e a separação pelas quais eles ansiavam. Agora, Ele Se escondeu deles. Anteriormente, eles haviam desfrutado de intimidade e amizade intactas com Ele. Esse relacionamento foi subitamente suspenso. A Árvore da Vida, cujo fruto poderia ter estendido a amizade pela eternidade, estava fora de suas vistas para sempre.
Depois de uma geração, a raça humana era um desastre vivo e respirante. Assassinos geraram assassinos, e depois os assassinos se organizaram e começaram a construir as primeiras cidades e civilizações. Foi “nessa época”, segundo o Gênesis, que “se começou a invocar o nome do SENHOR” (Gênesis 4:26). O mundo ainda era jovem; Adão e Eva ainda viviam. Porém, como não era mais possível caminhar com Deus (literalmente) como faziam antes, a civilização criou um substituto:
A religião.
Desde esse dia, os humanos têm tentado manter os dois caminhos—apaziguar Deus por meio do serviço ritualizado e manter a independência Dele na prática. Esses objetivos parecem contraditórios. Mas a religião foi uma invenção genial, pois fez com que ambos os objetivos parecessem possíveis. Como? Dividindo a vida elegantemente em duas categorias distintas—a religiosa e a secular. A religiosa foi relegada a determinados dias e locais especiais, com determinados homens santos especializados para servir tanto como ligação quanto como amortecedor entre Deus e o homem. O lado secular da vida agora estava livre para receber a parte do leão da atenção do homem.
A cultura humana se dispersou em centenas de direções diferentes depois da intervenção de Deus em Babel. Idiomas, alimentos, roupas e costumes se desenvolveram em uma diversidade surpreendente de modos. A religião se desenvolveu junto com eles. Não importa qual seja as aparências externas, certas constantes permaneceram em todas as nações, cruzando os oceanos e atravessando o globo. A religião ainda separa determinados locais, dias e pessoas como “mais sagrados” ou “mais especiais” que o restante.
“Locais Especiais”
Basicamente todas as religiões conhecidas têm determinadas construções ou locais designados como especialmente sagrados. Seus nomes podem se alterar entre as culturas, mas sua função permanece a mesma.
Muitas religiões construíram prédios chamados de “templos” ou que levam outros nomes. Historicamente, os homens com freqüência pensam que tais prédios abrigam uma “deidade” em particular. Os templos colocam Deus literalmente em uma caixa! Nós nos tornamos um pouco mais sofisticados desde então, ou pelo menos é o que achamos. Os homens atualmente consideram os templos mais como estruturas devotadas a atividades religiosas.
Uma religião muito popular tem templos conhecidos como Gurdwara. Você será bem-vindo para visitar um desses templos se concordar com algumas poucas exigências. Depois de entrar, tire os sapatos e coloque um chapéu semelhante a uma bandana em sua cabeça. Deixe os cigarros ou bebidas alcoólicas em casa. Intoxicantes não são permitidos. Depois de entrar, caminhe devagar até uma cadeira onde o livro sagrado da religião está entronizado. Curve-se humildemente perante o livro e faça uma oferta monetária. Você, junto com todos os que estão no templo, sentará então com as pernas cruzadas sobre o piso e elevará as mãos em concha para receber dos porteiros uma hóstia de pão feito de farinha adoçada e manteiga.
Esse é o costume da quinta maior religião do planeta atualmente. Entretanto, na verdade todas as religiões têm um tipo parecido de templo, com algum ritual comparável para seguir. As pessoas construíram diversos prédios com finalidades religiosas—templos, claro, mas também mosteiros, túmulos, torres com vários andares e edifícios elaborados com abóbadas adornadas e torres de oração.
Os “locais especiais” podem ser enormes. A parede externa de um templo no Camboja ocupa quase um quilômetro quadrado! Outros “locais especiais” podem ser bem pequenos. Muitas religiões construíram “oratórios”. Essas estruturas em geral contêm uma relíquia ou imagem que as pessoas adoram ou veneram. Indivíduos especialmente religiosos podem até construir um oratório no seu próprio quintal devotado a uma determinada “deidade” ou “santo”. Ao norte do meio-oeste dos Estados Unidos, “bathtub Madonnas” (esculturas de Maria abrigada em uma casinha) são um tipo comum de oratório particular.
Apenas das diferenças na escala, essas estruturas têm uma finalidade em comum. Elas são um lugar onde as pessoas podem comparecer quando desejam “cumprir” suas tarefas religiosas.
É fascinante como muitas pessoas reconhecem de forma natural a similaridade de todas as “edificações com fins religiosos”, sem importar a religião. No Sudeste Asiático, por exemplo, a palavra wat pode se referir a quase qualquer “local de adoração”. Um wat cheen, por exemplo, é um edifício usado por religiões chinesas, sejam elas budistas ou taoístas. Um wat khaek é uma estrutura usada pelos hindus. Um wat kris é um prédio usado pelos cristãos. Na verdade, “a boca fala o que transborda do coração”, para um tailandês um wat é um wat, não importa a religião que o construiu. Se você quer se aproximar de Deus (seja qual for seu conceito sobre Ele), você vai ao seu wat preferido. Do contrário, se desejar seguir interesses seculares, você se mantém longe de todos os wats até que esteja pronto para ser religioso.
A humanidade, então, sentiu uma ânsia universal de construir prédios “sagrados” e até de designar rios, montanhas ou bosques específicos como particularmente “sagrados”. Não se pode mesmo negar que locais especiais são uma marca registrada da religião humana. Mas isso é ruim?
Bem, considere o seguinte: O próprio processo de designar um determinado local como “sagrado” automaticamente categoriza, de certa forma, todos os outros lugares como menos sagrados. Se o “sagrado” pertence a Deus, o resto é de quem? Se alguns poucos lugares são devotados à vida religiosa, a que são dedicados a maioria dos lugares? E se você realmente acha que está “entrando na presença de Deus” ao entrar em uma determinada posição geográfica, o que acontece quando você sai?
O que estamos dizendo é que a religião tem simultaneamente dois objetivos—permitir aos humanos se aproximar de Deus, quando querem, e mantê-Lo a uma distância segura quando é o que preferem. A designação de alguns lugares como “especiais” é uma maneira crucial da religião compartimentalizar a vida.
“Dias Especiais”
A religião não apenas define as categorias “sagrado” e “secular” para dividir as três dimensões do espaço, ela também faz exatamente a mesma coisa com a quarta dimensão—o tempo. Determinados blocos de tempo—sejam horas do dia, dias da semana ou estações do ano—são considerados “especiais”.
Poderíamos usar qualquer religião como exemplo, porém vamos escolher uma relativamente nova. Durante a metade do século dezenove, um mercador de 25 anos de idade, que dizia ser um profeta, adotou um nome que significava “Porta” em seu idioma. Os líderes religiosos locais eliminaram seu novo movimento com brutalidade, sendo ele executado, por fim, por um pelotão de fuzilamento. Logo depois, no entanto, surgiu no movimento um “novo” profeta, mais popular. Ele dizia ser o “prometido” previsto não apenas pela “Porta”, mas supostamente também por todas as “fés”. Seus ensinamentos formariam a fundação de uma nova religião.
Nesse sistema, a sexta-feira é considerada um dia especial de adoração. Além disso, há diversos “dias sagrados” em cada ano. No equinócio da primavera, por exemplo, os adeptos se reúnem para um jantar seguido por orações e leituras. Depois há uma série de dias que celebram os fundadores da nova religião—seus aniversários, os dias em que se declararam profetas e os dias em que morreram. Finalmente, há um festival de inverno, quando os membros em geral trocam presentes.
Talvez você já tenha ouvido falar dessa religião, talvez não. De qualquer forma, se o cenário dos feriados parece familiar, é porque deveria ser. As religiões com as quais você está mais familiarizado (incluindo, provavelmente, aquela na qual você foi criado) têm um “calendário sagrado”, cuja diferença em relação ao que você leu aqui está mais no detalhe do que na substância.
Muitas religiões separam um dia da semana em particular como especial. Para os membros de uma delas, qualquer ato religioso realizado na sexta-feira recebe uma recompensa maior, pois Deus criou Adão em uma sexta. Os membros de uma outra discordam: eles observam o dia depois da criação de Adão como especialmente significativo. Bilhões de seres humanos observam, por sua vez, a quinta-feira como seu dia especial. Como no exemplo da “Porta”, muitas religiões baseiam seus feriados em eventos especiais da vida de seu fundador. De forma semelhante, muitas religiões têm festivais no primeiro dia do ano (definido por elas) ou em algum outro ponto dos ciclos solar ou lunar. Cada dia sagrado tem sua própria cultura de costumes tradicionais, com refeições, presentes, procissões, serviços religiosos, decorações e outros itens afins.
Mesmo os que ignoram os dogmas de uma fé em particular 364 dias do ano ainda podem observar seu dia “mais sagrado”. E mesmo eventos ou figuras históricas bem distantes dos dogmas principais da religião podem por fim receber um dia em sua homenagem. Por exemplo, muitos organismos religiosos liberais nos Estados Unidos começaram 2006 com a prática de celebrar o “dia da evolução” no domingo próximo do aniversário de Charles Darwin! O impulso de designar determinados dias arbitrários como “sagrados” ainda é universal, mesmo em nossa sofisticada era “pós-moderna”. Como um comediante uma vez declarou, “Eu era ateu, mas desisti. Não havia feriados”.
Novamente, podemos perguntar se o hábito de dias sagrados é realmente tão ruim, já que todos parecem adotá-lo. Que mal pode haver? E, novamente, podemos responder que cada escolha para designar uma pequena quantidade de coisas—seja posições geográficas ou dias do ano—como “sagradas” automaticamente cria outra categoria para todo o resto. Se um dia é “mais especial”, o que acontece com os outros dias? Se um dia é separado como pertencendo unicamente a Deus, quem na verdade é o dono do resto dos dias? Como com os lugares sagrados, os dias sagrados têm o efeito—intencionalmente ou não—de compartimentalizar a vida.
“Homens Especiais”
Como vimos, religião pode ser um categorizador incansável de lugares e dias. Mas há outra conveniência que ela divide em “sagrado” e “secular”: os seres humanos. Da mesma forma que a religião humana escolhe determinados locais do mapa ou páginas do calendário para serem “sagrados”, também seleciona determinados rostos na multidão para serem especialmente “sagrados”.
Culturas “primitivas” ou tribais têm mulheres ou homens específicos que são designados como oráculos ou xamãs—ou, sendo menos politicamente corretos, pajés e curandeiros. Eles são treinados para ter um contato maior com o mundo dos espíritos do que é permitido ao indivíduo comum. Como resultado, em geral eles acreditam que têm poderes especiais para curar doenças ou mudar o clima. Uma dessas religiões denomina seus xamãs de “homens sábios” ou “mulheres sábias”. Além de curar e interceder junto ao mundo espiritual, esses “sábios” estão envolvidos em ritos de iniciação e outras cerimônias secretas. Eles executam as leis tribais e são temidos por sua suposta capacidade de matar um ofensor apenas entoando uma canção mágica. Ao se deslocar de cultura a cultura, você pode ver que muitos detalhes mudam, porém a regra básica do xamã permanece a mesma.
À medida que as sociedades se tornam mais organizadas, os especialistas na religião assumem a função plena de “sacerdotes”. Como os xamãs, os sacerdotes supostamente mantêm uma conexão especial com a deidade da religião. Entretanto, a descrição de suas funções é mais ampla. Ela agora inclui a realização dos rituais corretos e o aconselhamento de pessoas comuns sobre questões religiosas. Os sacerdotes em geral precisam de treinamento ou educação especializada. Normalmente recebem suporte financeiro. A descrição exata da função dos sacerdotes varia em cada religião, porém suas atribuições são muitas vezes surpreendentemente familiares, mesmo para alguém de fora. Independente de sua afiliação, os sacerdotes nos países ocidentais podem dar aulas de religião, editar jornais, realizar casamentos e funerais, servir como capelães militares ou em prisões e até mesmo se autodenominarem de “reverendos”.
O sacerdócio teve seus pontos altos na história. Séculos atrás, um país desenvolveu um rígido sistema de castas hierárquicas. Os membros da casta mais inferior eram forçados a realizar todos os trabalhos perigosos e sujos para a sociedade e, em troca, sofriam uma rígida segregação e uma pobreza desesperadora. Os sacerdotes, ao contrário, estavam no topo da estrutura. Por causa que realizam os rituais de “casamento e enterro” para a sociedade, desfrutavam do mais alto padrão de vida e eram os mais respeitados de todas as castas. Esse sistema de castas existe ainda hoje.
Você pode não viver em uma sociedade com um sistema reconhecido de castas. No entanto, a maioria das culturas ainda tem “especialistas” designados que supostamente ajudam as pessoas comuns a entender e cumprir as exigências divinas. Mas um “conector” também pode ser um “separador”. Isso é um problema real quando a pessoa da qual você está separado é Deus e a pessoa que está entre você e Ele é apenas um outro homem. Ainda assim cada sociedade e cada religião escolheu mulheres e homens “sagrados” para exercer a função de intermediário. Por quê?
A humanidade ainda está se escondendo de Deus! A maioria de nós não quer realmente ficar perto demais Dele. Ele pode interferir em nosso precioso “direito” (como o vemos) de sermos nossos próprios deuses. E quando chegamos ao âmago da questão, temos muito medo Dele. Temos a incômoda impressão de que Ele está zangado e pode fazer algo imprudente se estivermos perto demais! E mesmo assim ainda percebemos que precisamos Dele para nos abençoar durante os marcos da vida, como o nascimento, a maioridade e o casamento, e para nos resgatar ou, pelo menos, nos confortar durante as crises da vida, como doenças, fome ou a morte de um alguém que amamos. A religião oferece a solução para o dilema. Ela escolhe alguém para se aproximar de Deus em nosso lugar, de modo que ele ou ela assuma a maioria dos riscos por nós e obtenha para nós algumas das bênçãos de Deus.
O Custo Oculto da Religião
À primeira vista, a religião pode parecer uma das mais engenhosas invenções da humanidade. Mas novas invenções poderosas muitas vezes podem ter efeitos indesejados desastrosos. E a religião, que efeito tem?
Para responder essa pergunta, devemos pensar novamente na humanidade antes da queda. Naqueles dias gloriosos, Adão caminhava com Deus face a face. Ele não precisava de um local sagrado, pois todos os lugares estavam cheios da maravilha e da admiração da presença de Deus. Ele não precisava de um dia sagrado, pois cada momento estava vivo com a consciência de Deus. E ele não precisava de nenhum homem sagrado para se interpor entre eles. Como homem, Adão assumiu seu lugar de direito, submetendo-se e aprendendo de seu Criador sem reservas ou medos. Ele se relacionava com Deus diretamente—como uma criatura se relaciona com um Criador, claro, mas também como um filho muito amado se relaciona com um Pai perfeitamente amoroso.
A humanidade perdeu tudo isso na queda.
A religião humana obteve novamente o que foi perdido na queda? Ela satisfez sua alma—de verdade? Ou principalmente ofereceu um substituto para a realidade que Adão experimentou no jardim há não muito tempo? Você realmente quer sua vida compartimentalizada, com uns poucos dias, locais ou homens especiais colocados na categoria “sagrada”, ficando todo o resto na categoria “secular”?
E se ao invés disso Deus lhe concedesse uma segunda chance na Árvore da Vida? E se Ele oferecesse a restauração da paz e amizade e vida momento-a-momento que Adão desperdiçou?
Você teria coragem de entrar nessa?